Blocos de Rega de Vale do Gaio, Convento de São Francisco 2
Entre os dias 2 e 8 de Junho de 2015, no contexto da Minimização de Impactes sobre o Património Cultural decorrentes da execução dos Blocos de Rega de Vale do Gaio, a ERA-Arqueologia realizou 8 sondagens arqueológicas no sítio do Convento de São Francisco 2.
Durante os trabalhos de acompanhamento de obra associados ao referido projecto, foram identificados possíveis contextos arqueológicos entre os PK 1+562 e 1+655 da C1 Alvito Baixo. Perante os referidos contextos, foi programada a realização de sondagens arqueológicas, num total de 20.5 m2, para caracterização das diferentes realidades presentes na área de afectação de obra.
A sua escavação permitiu verificar que as sondagens 1, 2, 3, 5 e 6 correspondiam a estruturas negativas tipo fossa escavadas no substrato geológico. Entre estas, destacou-se a sondagem 3, na qual se identificou uma estrutura negativa de características algo diferenciadas, podendo corresponder a uma estrutura negativa tipo hipogeu (monumento funerário subterrâneo do período pré-Cristão), embora sem qualquer espólio osteológico associado.
Apenas nas sondagens 3 e 5 se identificaram alguns materiais arqueológicos, nomeadamente, fragmentos de cerâmica manual incaracterística, de difícil atribuição cronológica. Não foi assim possível apontar uma cronologia precisa para este conjunto de estruturas negativas, sendo enquadradas genericamente no período pré-histórico.
A sondagem 4 coincidiu com um buraco de árvore, sem carácter arqueológico.
As sondagens 7 e 8 sondagens foram realizadas com o objectivo de diagnosticar uma mancha com materiais romanos, localizada junto a uma linha de água proveniente da área de implantação da villa do Convento de São Francisco. Em ambas foi possível identificar uma sequência de níveis de aluvião, associados à presença da referida linha de água, caracterizados pela presença frequente de materiais arqueológicos muito fragmentados e rolados.
Enquadrados numa cronologia do período romano, os materiais citados representaram uma amostragem cuja proveniência deve corresponder à villa do Convento de São Francisco, contribuindo para melhor caracterizar esta realidade arqueológica. Foi ainda possível identificar cerâmica comum e de construção diversa, alguns fragmentos de ânforas, assim como terra sigillata hispânica e terra sigillata marmorata, que nos permitiram pensar numa ocupação alto imperial para a referida villa.