Blocos de Rega de Vale do Gaio, Horta da Cancela 2
A intervenção realizada no sítio da Horta da Cancela 2 (freguesia e concelho de Alvito), no âmbito da Minimização de Impactes sobre o Património Cultural decorrentes da execução dos Blocos de Rega de Vale do Gaio (Fase de obra), teve lugar entre os dias 15 e 16 de Dezembro de 2014.
Os trabalhos de acompanhamento de obra associados ao projecto haviam identificado, na C1 de Alvito Alto, um possível forno e um pequeno covacho, ambos de cronologia indeterminada, e ainda duas possíveis estruturas negativas. Perante estes contextos, foi programada a realização de três sondagens arqueológicas.
Na zona do forno foi intervencionada uma área de 2 m x 2 m, na área do covacho foi realizada uma sondagem de 1 m x 1 m e na das duas estruturas negativas, lineares, foi realizada uma secção com 5 m x 1,5 m, num total de 12,5 m². Estas sondagens foram implantadas no local de acordo com a área de afectação e com os vestígios existentes à superfície.
Nas sondagens 1 e 2 foram identificadas duas estruturas negativas de combustão, com diferentes dimensões mas de características semelhantes. Constituídas por simples covachos escavados no substrato geológico utilizados como câmaras de combustão, apresentavam paredes cobertas com barro cozido e encontravam-se preenchidas por níveis de pedra, cinza e carvões, podendo estar associadas a uma cozedura em soenga.
Não se identificaram materiais ou outros contextos arqueológicos associados a estas realidades que permitissem avançar uma integração cronológica das mesmas, permanecendo a sua cronologia indeterminada.
Refira-se que este tipo de estruturas terá sido utilizado em diferentes momentos históricos, surgindo atualmente alguns paralelos etnográficos, facto que não facilita a sua datação. Ao nível de paralelos em contextos arqueológicos podem referenciar-se dois fornos com tipologia semelhante no sítio de Vale de Barrancas 1 (Beringel, Beja), associados a contextos romanos e tardo-romanos (www.igespar.pt).
A sondagem 3, tendo como objetivo realizar uma secção de duas estruturas negativas lineares que atravessavam tranversalmente a vala realizada no âmbito deste projecto, permitiu compreender que se tratavam de estruturas de formação natural, sem materiais ou contextos arqueológicos preservados. Podem ser interpretadas como depressões naturais que acompanham o declive natural do terreno e nas quais se acumularam níveis de escorrência de água.