Blocos de Rega de Vale do Gaio, Horta da Cancela 4
Os trabalhos no sítio da Horta da Cancela 4, englobados na execução dos Blocos de Rega de Vale do Gaio, decorreram em duas fases: a primeira entre os dias 27 e 30 de Janeiro e de 2015; e a segunda de 27 de Fevereiro a 2 de Março de 2015.
O acompanhamento de obra associado ao projecto identificara, na C1.3 Alvito Alto, uma sepultura e uma estrutura negativa sub-circular. Perante estes contextos, programou-se a realização de duas sondagens arqueológicas, numa área total de 8,5 m², de acordo com a área de afectação e os vestígios existentes à superfície.
Foram ainda identificadas outras prováveis sepulturas que, no entanto, não seriam afectadas no âmbito deste projecto, uma vez que se procederia a um pequeno desvio desta conduta. Na sequência deste desvio, foram posteriormente identificadas três novas estruturas negativas circulares, tendo sido realizadas três novas sondagens, elevando para um total de 17,75 m².
As sondagens 1 e 3 permitiram observar duas pequenas estruturas negativas ovaladas, pouco profundas, escavadas no substrato geológico local. A ausência de materiais arqueológicos não permitiu apontar-lhe um enquadrameno funcional ou cronológico, sendo possível que se tratassem de áreas de implantação de árvores, sem cariz arqueológico.
A sondagem 2 permitiu observar uma sepultura sub-rectangular, escavada no substrato geológico local, com paredes delimitadas por cerâmica de construção de época romana, colocados verticalmente, e coberta com grandes lajes pétreas e fragmentos de cerâmica de construção.
No interior da sepultura constatou-se a presença de uma inumação primária individual, sem espólio funerário associado. Depositado em decúbito dorsal de Oeste para Este, este esqueleto tinha o crânio colocado sobre o lado direito e as pernas esticadas e paralelas entre si. Por sua vez, os membros superiores foram colocados em posições distintas, estando o esquerdo flectido sobre a região torácica e o direito híper-flectido sobre o peito.
Os gestos funerários e a arquitectura da estrutura funerária, aliados à ausência de espólio votivo, permitiram inferir como cronologia possível o período tardo-romano (ou tardo-antigo). Somente a datação do espólio osteológico humano poderia atribuir uma cronologia mais precisa à estrutura funerária intervencionada.
As sondagens 4 e 5 foram realizadas sobre duas estruturas negativas tipo fossa, com perfil em U. No seu interior foram identificados alguns fragmentos de cerâmica manual, sem atribuição tipológica, e um machado de pedra polida (anfibolito), reutilizado como percutor, elementos que permitiram enquadrar estas estruturas negativas numa cronologia da pré-história recente.