Circuito Hidráulico de São Matias, Monte do Zambujal 3

Realizada no sítio do Monte do Zambujal 3, no âmbito da execução do Circuito Hidráulico de São Matias, esta intervenção decorreu entre 8 e 12 de Maio e de 25 de Junho a 3 de Julho de 2015. Iniciou-se no seguimento da descoberta, em acompanhamento arqueológico, de uma caleira construída no substrato geológico.

Foram realizadas quatro sondagens de diagnóstico manuais com vista à caracterização da referida caleira e de uma eventual interface negativa localizada no limite sul do sítio. Numa segunda fase dos trabalhos (3.ª fase de obra), foi realizado um alargamento na sondagem 3, perfazendo 18,5 m² de área total final.

Na sondagem 1, foi escavada uma interface negativa tipo fossa de plano sub-retangular, não tendo sido possível determinar qual a função da fossa, podendo apenas colocar-se a hipótese, tendo em conta a planta sub-retangular, de poder tratar-se de uma sepultura, salientando-se porém que não foi encontrado qualquer vestígio osteológico ou de cinzas no seu interior. A não existência de vestígios funerários e a existência abundante de fragmentos de cerâmica de construção e de pedras nos seus enchimentos poderia também sugerir que se tratava de uma fossa com função de lixeira/despejo.

Nas restantes sondagens (2, 3 e 4), foi intervencionada uma caleira em alvenaria construída no substrato geológico. Cronologicamente, a construção e utilização da caleira poderiam ser enquadradas no período romano. Apesar dos materiais cerâmicos recolhidos durante a escavação dos vários depósitos recolhidos serem escassos, e maioritariamente não permitirem a identificação das suas formas, vários dos fragmentos de cerâmica de construção utilizados na construção da referida caleira, nomeadamente fragmentos de tegula, são indubitavelmente de cronologia romana.

Esta datação coloca esta estrutura contemporânea com a ocupação da villa romana do Monte da Cegonha, localizada a escassas centenas de metros e a uma cota inferior, pelo que não seria despropositado colocar a hipótese desta estrutura servir de transporte de água diretamente para a villa ou para alguma atividade relacionada com o quotidiano desta.

Para além do exposto, poderia eventualmente considerar-se a reutilização, em período mais recente, de materiais provenientes das ruínas do edificado romano da villa. No entanto, uma vez que não foram encontrados materiais de cronologia mais recente associados à caleira, deveria considerar-se esta suposição pouco válida.

 

 

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