Rua do Passeio Alegre, n.º 258-280, Porto
Levados a cabo de 20 de Junho a 3 de Julho de 2013, os trabalhos arqueológicos realizados nos edifícios sitos na Rua do Passeio Alegre, n.º 258-280, no Porto, visaram a avaliação do potencial arqueológico do local, através da realização de cinco sondagens de diagnóstico.
De uma forma sucinta, das cinco sondagens realizadas, três permitiram constatar a presença de vestígios arqueológicos, sendo de destacar, pela sua relevância, os da sondagem 2, nomeadamente, dois pavimentos e um segmento de muro em alvenaria de granito.
Foi então preconizado o alargamento da sondagem 2 (para Norte e Este, num total de cerca de 8 m2), com vista a perceber a funcionalidade da estrutura arqueológica, equacionando-se igualmente a possibilidade de esta poder ser objecto de um desmonte parcial (numa das suas extremidades), para procurar obter a caracterização temporal da mesma. Aconselhou-se também o acompanhamento arqueológico das movimentações de terra aquando da obra.
Salientou-se a impossibilidade física do alargamento ser feito no imediato, na medida em que seria necessário proceder à demolição prévia do espaço, disponibilizando assim a área para o dito alargamento e as necessárias condições de segurança para a realização dos trabalhos arqueológicos, nomeadamente o alargamento da sondagem dois.
As referidas medidas mereceram o acordo da DRCN em reunião realizada a 1 de Julho de 2013, para avaliar o resultado dos trabalhos arqueológicos e definição de medidas de minimização de impacte adicionais.
ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO
Realizados entre 26 de Setembro de 2015 e 26 de Janeiro de 2016, estes trabalhos consistiram no acompanhamento arqueológico de todas as movimentações de terra que pudessem incidir sobre contextos arqueológicos preservados, coetâneos ou não com as estruturas identificadas na fase de sondagens arqueológicas de diagnóstico.
As escavações mecânicas para implantação do projecto de construção consistiram no desmonte dos patamares que ocupavam a parte Norte da empreitada e na abertura de uma série de sapatas para a construção dos pilares e muros de suporte. Estas escavações incidiram sobre o substrato base de natureza xisto-grauváquica, sobre uma camada argilosa estéril do ponto de vista arqueológico e sobre níveis de aterro que cobriam o substrato geológico irregular, com pendente Norte-Sul e Oeste-Este, constituindo um canal natural para onde confluem as águas pluviais.
As estruturas identificadas no decurso do acompanhamento arqueológico pareceram corresponder a muros de contenção relacionados com edifícios anteriores aos agora demolidos. Aquela que, nos resultados das sondagens de diagnóstico, foi interpretada como um pavimento corresponde a um muro com 120 centímetros de altura, assente sobre o substrato base. Ainda que não sendo possível aferir com exactidão a sua funcionalidade, pareceu corresponder a um muro de contenção relacionado com um nível de aterro e com a proximidade do rio.
O muro identificado no decurso do acompanhamento arqueológico relacionou-se directamente com as estruturas postas em evidência na sondagem 2 e corresponde provavelmente a um dos referidos muros de contenção. Os restantes muros não apresentaram qualquer relação com outras estruturas identificadas.
As medidas de minimização implementadas para os contextos postos em evidência no decurso do acompanhamento arqueológico, devido fundamentalmente ao reduzido valor patrimonial dos mesmos, passaram pelo seu registo fotográfico, tendo posteriormente sido desmantelados para a continuação da obra, com excepção de um muro que, não sendo afectado, foi selado com manta geotéxtil e aterrado.
O material identificado no decurso do acompanhamento arqueológico consiste em cerâmica comum, faianças e azulejos de cronologia contemporânea, revestindo-se de pouca importância científica e patrimonial.