Blocos de Rega de Beringel-Beja, Lobeira da Figueira
Os trabalhos efetuados na necrópole da Lobeira da Figueira decorreram entre 6 de Maio e de 29 de Junho de 2015. Realizaram-se 22 sondagens de diagnóstico, que incidiram tanto sobre as sepulturas como sobre os recintos a estas associados, identificados durante o acompanhamento de obra, num total de 280 m2.
Foram intervencionadas um total de 16 sepulturas, cujo espólio, de matriz orientalizante, apontou para uma cronologia situada em meados do séc. VI a. C. Destas sepulturas, cinco encontravam-se vazias, outras cinco violadas, tendo sido identificadas apenas 6 sepulturas intactas.
Dos doze enterramentos exumados, identificaram-se dois infantis, três masculinos e um feminino. As restantes exumações tiveram a diagnose sexual indeterminada dado o fraco nível de preservação do espólio osteológico.
Estas sepulturas estavam articuladas com dois recintos funerários. Do recinto 1, localizado na zona NW do sítio, foi apenas possível identificar o que corresponderia ao canto SE, uma vez que o mesmo se prolongaria para fora da área de afetação. Este seria um recinto realizado através da abertura de segmentos de valas que delimitariam o espaço funerário.
O recinto 2, localizado cerca de 12 metros a Norte do primeiro, apresentava duas fases de construção/utilização, não tendo sido possível, dada a ausência de estratigrafia, perceber a articulação deste faseamento com as sepulturas aqui existentes. Uma vez que este recinto, à semelhança do recinto 1, não foi escavado na íntegra, não foi também exequível perceber qualquer tipo de padrão na organização espacial entre este e as inumações aqui efetuadas.
A necrópole da Lobeira da Figueira está plenamente integrada no importante conjunto de contextos funerários da Idade do Ferro que têm vindo a ser identificados e intervencionados nos últimos anos, no âmbito da execução dos trabalhos de implementação do sistema de rega da barragem do Alqueva, assim como da construção da auto-estrada que ligaria Beja a Sines. Entre estas contam-se a Vinha das Caliças (Trigaches), Palhais e Monte do Marquês e Monte do Arcediago 1 (Beringel), Carlota (S. Brissos), Quinta do Estácio 6 (Salvada), entre outras.
Estas necrópoles são caracterizadas pela construção de recintos de feição quadrangular, escavados no substrato rochoso, que contêm no seu interior e exterior sepulturas de inumação. Nestas, é evidente, por um lado, a riqueza do espólio em termos de metais, adornos e cerâmicas, e, por outro, a existência de relações com a área do Baixo Guadalquivir.