Bloco de Rega de Ferreira, Figueirinha e Valbom, Monte de Pombal 1

As escavações arqueológicas realizadas, em Outubro e Novembro de 2009, no sítio de Monte de Pombal 1 (Ferreira do Alentejo) enquadraram-se numa perspectiva de minimização de impactes sobre o património cultural decorrentes da execução do Bloco de Rega de Ferreira, Figueirinha e Valbom (Fase de Obra).

Os trabalhos permitiu identificar um conjunto de ocorrências de natureza patrimonial, cuja implantação colidia diretamente com a área de afetação da instalação da Conduta Principal do Bloco de Rega de Ferreira. A conduta projetada para o local afetava parcial ou totalmente todas as unidades de trabalho intervencionadas, pelo que se procedeu à sua delimitação, minimizando pelo registo o impacte produzido pela construção.

O sítio intervencionado apresentava uma série de contextos de cronologias diversas, sobretudo estruturas negativas de distintas morfologias, funcionalidades e cronologia. As estruturas negativas identificadas nas sondagens 1 e 2 podem estar associadas a canais de rega ou simples marcos delimitadores de parcelas de terrenos agrícolas, sendo muito provavelmente de origem romana, dada a sua associação a materiais deste período.

A sondagem 3 revelou uma estrutura negativa com distinta morfologia, podendo ser associada a áreas de despejo/ lixeiras, dada a presença de depósitos de materiais fragmentados também de época romana. Com estas características, e de novo em associação ao período romano identificaram-se igualmente estruturas negativas nas sondagens 7, 13, 15, 16, 20, 21 e 22. Algumas destas foram apenas parcialmente escavadas, por se prolongarem para fora da área de afetação do projecto, sendo muito provavelmente de origem mais remota, ainda que nos seus depósitos de colmatação se identificassem exclusivamente materiais arqueológicos do período romano.

As estruturas negativas das sondagens 8 e 18 distinguem-se das anteriores pela presença de inumações em fossa simples, de planta tendencialmente retangular, com depósitos de colmatação semelhantes aos elementos desagregados do substrato geológico subjacente. Tratam-se de inumações, com presença de um ossário na sondagem 8, de cronologias associáveis à Idade do Bronze ou Idade do Ferro.

                                                       Sepultura.

Nas sondagens 4 e 5 foram escavadas duas sepulturas distintas, identificando-se de igual modo um ossário na sepultura da sondagem 4. Estas unidades estão claramente definidas como estruturas de inumação do período romano. Existe a possibilidade de pertencerem a um conjunto mais vasto de inumações deste período – dada a presença de uma necrópole de grandes dimensões a leste da área intervencionada – sendo igualmente provável que exista uma relação entre estas estruturas e as áreas de habitação identificadas nas sondagens 9 e 11.

Nestes espaços identificaram-se ocorrências de diversa ordem relacionadas com a presença de estruturas positivas de habitação (muros, áreas de combustão, pavimentos, derrubes de Tegulae de estruturas), o que confirma a ocupação deste espaços no período romano, tal como havia já sido referenciado em escavações de fase prévia.

Por último identificou-se na sondagem 19 a presença de um monumento funerário do período 3º milénio a.C., de tipo Tholos. A câmara de planta circular parece assentar directamente no substrato geológico rochoso, composto por caliços, sendo envolvida por paredes constituídas por fiadas de pedras calcárias, constituído esta unidade o alicerce da estrutura entretanto abatida. No seu interior foi identificado um ossário de pequenas dimensões, em associação a material cerâmico coevo.

 

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