Projeto de Requalificação do Espaço Exterior dos Quartéis de Moura
Este acompanhamento arqueológico decorreu no âmbito do Projeto de Requalificação do Espaço Exterior dos Quartéis de Moura, consistindo o referido projeto na instalação de infraestruturas de drenagem pluvial, saneamento e electricidade, assim como outro tipo de infraestruturas de apoio para a execução do plano de obra.
Geograficamente, a área intervencionada situa-se no recinto circundante ao Edifício dos Quartéis de Moura, junto à Escola Comercial/Secundária de Moura, na Rua das Terçarias, pertencendo esta zona à freguesia de Santo Agostinho, concelho de Moura. Os trabalhos estiveram a cargo da Empresa Vibeiras – Sociedade Comercial de Plantas, S. A., sendo que o acompanhamento teve lugar entre 1 de Fevereiro e 9 de Março de 2012.
Nos anais da História, toda a região de Moura sempre se revestiu de um carácter de grande importância, sendo este facto materialmente visível pelos vários monumentos e edifícios espalhados pelo concelho. Esta realidade é igualmente corroborada pela Arqueologia, ao ter-se conhecimento, quer por achados fortuitos, quer por intervenções arqueológicas, da ocorrência de vestígios e contextos que abarcam uma baliza cronológica que se situa entre as Idades do Cobre/Bronze e o período Moderno/Contemporâneo. Desta forma, pode-se afirmar que esta ocupação humana permanente e duradoura está de certa forma ligada à existência nesta zona de importantes recursos naturais, conjuntamente com o clima e orografia existentes.
Como se referiu, a área geográfica intervencionada no âmbito deste projeto situa-se na zona envolvente ao Edifício dos Quartéis de Moura, tratando-se este edifício de um complexo militar do século XVII, fortemente associado às Guerras da Restauração da Independência, o que demonstra a importância de Moura na História de Portugal.
Os trabalhos executados revelaram uma realidade quase constante em todas as intervenções efetuadas, quer no solo, quer no subsolo: a existência de depósitos, estruturas negativas e infraestruturas que correspondem a contextos e intervenções recentes, revelando-se estéreis no que concerne a materiais e/ou artefactos e estruturas importantes sob o ponte de vista arqueológico.
Contudo, verificou-se a ocorrência, no corte SE da área adjacente à vala 6, de uma estrutura de configuração subcircular, em cerâmica de construção e argamassa, não sendo, no entanto, possível observar a sua configuração original em plano e em corte. Adiantou-se a hipótese de se tratar de uma estrutura de canalização, correspondente a um período Moderno/Contemporâneo.
Constatou-se em praticamente todas as intervenções realizadas a ausência de materiais e/ou contextos arqueológicos preservados. Por outro lado, verificou-se a existência de depósitos com materiais recentes e valas com infraestruturas contemporâneas.
Relatou-se igualmente a ocorrência de um poço, num estado de conservação razoável, composto por um tanque de configuração retangular, e o respetivo engenho de água (poço) de configuração quadrangular, ambos em cerâmica de construção e argamassa, podendo corresponder cronologicamente a um período Contemporâneo.
Sabe-se, por informações locais, da ocorrência nestes últimos anos de intervenções mecânicas nesta área específica, o mesmo tendo ocorrido aquando do início deste acompanhamento, em que parte do recinto de obra tinha sido intervencionado mecanicamente num período prévio, ficando assim por determinar a existência de vestígios arqueológicos e a sua eventual afetação.
Conservou-se unicamente parte de uma estrutura em cerâmica de construção e argamassa, bem como alguns elementos patrimoniais, de datação indeterminada, que poderão corresponder a um período mais recente da História de Moura.