Largo do Terreiro da Feira, Mértola
A escavação arqueológica desenvolvida pela ERA, entre 1 de outubro e 29 de novembro de 2019, na necrópole da Idade do Ferro do Largo do Terreiro da Feira foi promovida pela Câmara Municipal de Mértola. A intervenção arqueológica enquadrou-se no projeto de requalificação do Largo do Terreiro da Feira, perante a possível incidência dos trabalhos de implementação sobre os contextos funerários da Idade do Ferro, localizados na área de afetação direta e indireta do projeto.
Os trabalhos arqueológicos realizados neste sítio em 2018, que consistiram na prospeção geofísica e na realização de três sondagens de diagnóstico, permitiram não só confirmar a existência de contextos de cremação depositados em sepulturas escavadas na rocha, como também caracterizar – ainda que sumariamente - algumas das ações intrusivas que incidiram sobre este espaço e que afetaram com maior ou menor intensidade os contextos arqueológicos relacionados com a necrópole.
Assim, o plano de trabalhos para a continuação dos trabalhos arqueológicos preconizou a escavação integral da área de necrópole situada na área de afetação do projeto, numa área aproximada de 650 m2, que corresponde ao morro localizado no limite Norte da área a ser alvo de requalificação.
Após a decapagem da camada humosa e definição de um vasto depósito pétreo que se estende por toda a área intervencionada, foram escavadas 19 ocorrências relacionadas com o uso funerário deste espaço durante a Idade do Ferro, sendo que 10 correspondem a covachos, 8 correspondem a estruturas tumulares pétreas e 1 corresponde a uma tipologia não identificada, porquanto o seu grau de destruição não nos permitiu aferir a sua génese, tendo sido definida como “mancha de dispersão”. Além das estruturas intervencionadas, identificámos 50 possíveis estruturas tumulares na área decapada e 4 estruturas tumulares no talude do corte do caminho de acesso ao Cerrinho da Neves.
O material osteológico recuperado nas estruturas tumulares intervencionadas apresentou, sem exceção, indícios de incineração e, ainda que o material arqueológico associado a estes contextos não nos permitisse um enquadramento cronológico mais preciso, estamos inequivocamente perante uma necrópole de incineração da Idade do Ferro que se estende não só na área intervencionada como também pela encosta Este do Cerro das Neves