Bloco 9 - Monte das Candeias 3
O sítio arqueológico designado por Monte das Candeias 3, cartografado com o nº 85 no mapa 13 do Quadro Geral de Referência do património arqueológico do regolfo da barragem de Alqueva (SILVA, 1996: 164) e correspondendo ao número de inventário 961212 (492), foi identificado nas prospecções realizadas pela EDIA.
No relatório efectuado (idem), o sítio é atribuído ao Neolítico/Calcolítico com base em vestígios recolhidos à superfície: cerâmica de fabrico manual, percutores, fragmentos de dormentes de mós manuais em granito, dispersos por uma área de cerca de 200 m2.
Localizando-se à cota de 134 m (137 m de acordo com os dados do Quadro Geral de Referência da EDIA), este sítio foi directamente afectado pelo regolfo da barragem de Alqueva (SILVA,1996: 149).
Avançar no campo interpretativo e estabelecer relações entre as várias estruturas, caracterizar a cultura material e propor cronologias são tarefas difíceis, uma vez que a compreensão de muitas das realidades registadas está ainda dependente de um alargamento e aprofundamento da área escavada e do estudo sistemático do espólio recolhido e a recolher. Muitas interrogações se mantêm, por vezes impossibilitando que o discurso se torne afirmativo. O Monte das Candeias 3 parece preservar sobretudo as ocupações relativas à I Idade do Ferro.
A interpretação funcional deste sítio durante a Idade do Ferro é de momento, com os dados disponíveis, difícil de estabelecer. Contudo, as características evidenciadas pelas estruturas já identificadas, a implantação topográfica do sítio e os recolhidos correspondentes ao período em questão parecem indiciar uma unidade de caríz familiar de exploração rural (ALARCÃO, sd), que se enquadraria numa rede de povoamento local à qual provavelmente pertenceriam também a Estrela 1, Monte da Pata e Cerros Verdes 4.
Estes sítios seriam eventualmente subsidiários de verdadeiros povoados que exerceriam funções aglutinadoras num determinado território (que para o caso vertente poderíamos apontar como hipótese o povoado do Castelo da Junta), lembrando uma situação com paralelos na região de Ourique (SILVA, 1990: 273) ou na vizinha Andaluzia Ocidental (RUIZ MATA, 1994).
Relativamente à atribuição cronológica, e sem querer entrar na recente discussão sobre a validade dos conceitos de I e II Idade do Ferro (ARRUDA, 1990; ARRUDA, GUERRA e FABIÃO, 1995), para a qual, por variadas razões, este não é seguramente o local apropriado, poderemos propor uma cronologia dos séculos VIII7VII integrável no que tradicionalmente se tem vindo a designar I Idade do Ferro, correspondente ao designado Período Orientalizante.
As observações realizadas nas sondagens realizadas no Monte da Candeias permitiram detectar vários momentos de ocupação, que corresponderão, como adiante se desenvolverá, a três períodos cronológico culturais distintos.