Lanço C, Figueira de Cavaleiros/Beja, Subconcessão do Baixo Alentejo
Os trabalhos de prospecção geofísica realizados no âmbito do Projecto de Execução do Lanço C, Figueira de Cavaleiros/Beja, da Subconcessão do Baixo Alentejo, decorreram entre os dias 14 e 27 de Janeiro de 2011. Este lanço localiza-se junto ao sítio do Monte do Carrascal 2, local que integra contextos de extrema relevância, enquadráveis na Pré-historia Recente, visando esta intervenção mitigar impactes negativos sobre elementos arqueológicos existentes no subsolo e nas imediações da área de implementação do empreendimento.
De um modo geral, os resultados obtidos reafirmaram a existência no local de uma grande densidade de estruturas negativas (escavadas no substrato rochoso), presumivelmente de cariz funerário, embora outro tipo de estruturas, como fossas não funerárias (já conhecidas nas áreas sondadas no traçado das tubagens da EDIA) e fossos formando pequenos recintos, estivessem também presentes.
As imagens obtidas evidenciaram novamente a grande complexidade arquitectónica destas estruturas, revelando intrincados sistemas de comunicação/ligação entre diferentes espaços, numa organização aparentemente caótica, mas que resultaria das sobreposições, transformações e reutilizações deste espaço durante dois ou mesmo três milénios.
Articulando as imagens proporcionadas pela geofísica com as informações provenientes das escavações no âmbito deste empreendimento, foi possível ter uma percepção do tipo de estruturas presentes: criptas funerárias de tipo hipogeu, simples ou associadas a corredores/passagens (estruturadas ou não com lajes de xisto) que poderiam dar acesso a múltiplas câmaras utilizadas para fins funerários. Estruturas não funerárias poderiam igualmente estar presentes. A cronologia é essencialmente Neolítico Final/Calcolítico, mas no Carrascal já haviam sido identificados contextos do Neolítico Antigo e fossas da Idade do Bronze, pelo que a cronologia é extensa.
Em face dos resultados, as áreas A, B, D e C apresentaram uma grande densidade de estruturas arqueológicas, pelo que o impacte negativo seria elevado e os trabalhos de minimização seguramente de grande dimensão. Contudo, a extremidade Norte da área C pareceu evidenciar uma redução significativa de evidências arqueológicas, sugerindo como alternativa mais adequada para evitar o impacte negativo sobre os contextos fazer passar a via mais a norte.