Sepulcro 2 do Povoado dos Perdigões, Reguengos de Monsaraz
Estas acções arqueológicas e de gabinete foram realizadas no âmbito do projecto de investigação “Ambientes Funerários no Povoado dos Perdigões – 2”, enquadrado no Plano Nacional de Trabalhos Arqueológicos (PNTA). Surgiram na continuidade das que se desenvolveram no projecto “Ambientes Funerários no Povoado dos Perdigões” e que permitiram intervencionar integralmente o Sepulcro 1 e iniciar os trabalhos de investigação no Sepulcro 2.
Os trabalhos de campo decorreram entre os meses de Julho e de Agosto de 2005, mantendo os objectivos genéricos do ano anterior. Uma vez que em 2004 se concluiu a intervenção na zona do átrio do monumento, neste ano os trabalhos investiram totalmente na continuação da escavação da câmara do Sepulcro 2, cuja arquitectura e contextos são já parcialmente conhecidos desde 2000 (projecto AFUPP). Os trabalhos de investigação de gabinete decorreram entre Agosto e Dezembro.
No programa inicial do projecto previa-se que o trabalho de campo de 2000 incidiria sobre um novo monumento. Face aos múltiplos núcleos de ossos humanos e fragmentos de lajes de xisto que ocorreram à superfície na área da necrópole e que haviam sido interpretados como correspondendo a eventuais sepulcros afectados pelas lavras (o que as escavações têm confirmado), foi seleccionada uma área cerca de 20 metros para Noroeste do Sepulcro 1. Essa área foi designada por Sector VI, tendo-se confirmado a efectiva existência de um monumento funerário, designado por Sepulcro 2.
A área inicialmente aberta correspondia a 35m2, tendo sido depois alargada para um total de 65m2, por forma abarcar toda a planta do monumento. A intervenção no Sepulcro 2 permitiu definir a planta geral do monumento, constituído por uma câmara circular (que terá um pouco mais de 3 metros de diâmetro) parcialmente escavada no substracto rochoso e revestida a lajes de xisto; um pequeno corredor, também parcialmente escavado na rocha de base e constituído por quatro esteios; e um átrio, de planta ovalada parcialmente escavada na rocha e revestida a lajes de xisto. Quanto a vestígios de eventuais coberturas ou tumulus, tal como para o Sepulcro 1, são inexistentes.
Os fragmentos de lajes de xisto existentes no átrio e periferia correspondem a fragmentos de revestimento deste espaço, não existindo outras pedras (com excepção de alguns blocos de quartzo utilizados no âmbito do ritual) nem quaisquer vestígios de derrubes de uma eventual cobertura. O mesmo se constatou no corredor e na área da câmara (embora aqui as reservas tivessem que ser maiores, pois não se aprofundou a escavação nos contextos preservados). Note-se, contudo, que todos os fragmentos de laje e pedras presentes nas unidades revolvidas foram sistematicamente recolhidos e acumulados em torno da área escavada, sendo o seu número extremamente reduzido. Também não se registaram elementos susceptíveis de constituírem um tumulus.
Relativamente ao Sepulcro 1, o Sepulcro 2 trouxe alguns dados novos, nomeadamente ao nível da arquitectura, no que respeita à utilização de esteios como elementos arquitectónicos no corredor e, inclusivamente, no átrio (embora aqui com carácter de excepção face à dominância de um revestimento a lajes de xisto). Também a orientação do Sepulcro 2, a Sudeste (cerca de 130º), diferencia relativamente à do Sepulcro 1 (90º). Do mesmo modo, a documentação da utilização do átrio como espaço de deposições funerárias contrasta com a utilização eminentemente ritual do espaço correspondente do Sepulcro 1.
Por fim, refira-se que os resultados obtidos pela intervenção neste sepulcro fundamentaram a criação de um projecto de investigação complementar, apresentado e aprovado no âmbito do PNTA.