Cripta do Palácio dos Condes de Murça, Lisboa
Esta intervenção arqueológica foi realizada no âmbito do empreendimento de Reabilitação do Palácio dos Condes de Murça. Os trabalhos decorreram entre os dias 25 de Julho e 10 de Agosto de 2012, perfazendo um total de 12 dias.
No decorrer dos trabalhos de remodelação de um dos pavimentos, foi posta a descoberto uma cripta funerária. Ainda que, no âmbito do actual projecto, estes contextos não estivessem sujeitos a afectação, optou-se por proceder à exumação dos indivíduos ali sepultados. Foram identificados vestígios ósseos de cerca de 49 indíviduos, todos pertencentes à família dos Condes de Murça.
A área intervencionada conheceu um longo período de utilização, cerca de 200 anos, enquanto espaço funerário, tendo sido possível identificar oito fases de ocupação, desde a sua construção até à última fase de deposições. As fases distintas referem-se, na sua maioria, a momentos de deposição de cadáveres e de afectação desses níveis para deposição de outros enterramentos, com as acumulações de ossos e camadas de cal que essas actividades implicavam aquando da reorganização do espaço e higienização do mesmo.
Para além destas realidades, refira-se que alguns momentos de afectação dos enterramentos em fases mais recentes poderiam estar relacionados com actos de pilhagem e vandalismo. Estes teriam ocorrido numa fase de abandono do palácio, numa altura em que já não se utilizaria o espaço para deposição de cadáveres.
Face aos elementos recolhidos, considerou-se que todas as estimativas do número mínimo de indivíduos se encontravam condicionadas pelos mencionados níveis de perturbações ao longo do tempo. Umas inumações apresentavam elementos melhor preservados, enquanto que noutras os materiais revelaram-se escassos e fragmentados.