Escadinhas de São Crispim, 3-3A, Lisboa
A escavação arqueológica realizada, em 2011, no edifício sito no n.º 3-3A das Escadinhas de São Crispim resultou da identificação de contextos arqueológicos preservados no âmbito de trabalhos de acompanhamento arqueológico neste imóvel. O principal objectivo da intervenção foi a caracterização da dinâmica ocupacional deste espaço.
Foi possível identificar uma sequência cronológica que indica uma ocupação desde época Romana até época Contemporânea, não sendo, contudo, exequível uma caracterização funcional relativa a todas as 30 fases definidas, devido em parte aos condicionalismos impostos à escavação deste local inerentes à segurança e à orgânica da própria obra.
Quanto à ocupação Romana, refira-se que a componente artefactual recolhida nos depósitos de formação mais antiga (fases 1 a 5) registada nesta intervenção aponta para a sua formação entre os séculos I-III, registando-se a presença de materiais de cronologia mais antiga, como seja o caso do fragmento de ânfora pré-romana do Tipo Pellicer D.
É ainda de registar a presença significativa de sigillatas tardias (séculos V a VI), mostrando que esta zona continuou sempre a funcionar como um pólo importador e receptor, onde chegavam ininterruptamente produtos oriundos da Gália, do Norte de Africa (sigillata e ânforas) e do Oriente (ânforas e sigillata focense) , indicando a presença desta zona costeira numa rede de intercâmbios mesmo durante a antiguidade tardia.
Este local veio posteriormente a ter um ocupação Islâmica, ocorrendo a mesma entre a fase 12 e a fase 23, comprovada pela presença de cerâmica decorada com estampilhados, incisões, vidrados (em oxido de manganês e melado), e pintada com linhas brancas (séc. X a XII), tal como podemos verificar nos materiais recolhidos em vários depósitos.
Quanto à ocupação de época Moderna, temos como referência um muro situado a Oeste, junto à rua, e que se encontra inclusivamente coberto pelos aterros e piso da mesma, devendo este estar relacionado com o Colégio de S. Patrício, fundado em 1605 por dois padres da Companhia de Jesus, Pedro Fonseca e João Orlingo.