Blocos de Rega de Vale do Gaio, Braceeira
Entre 16 e 26 de Janeiro de 2015, levaram-se a cabo trabalhos arqueológicos no sítio da Braceeira, englobados na execução dos Blocos de Rega de Vale do Gaio (Fase de obra). No âmbito do acompanhamento de obra associado a este projecto, foram identificados contextos arqueológicos (estruturas e manchas de materiais) entre os PK 5+025 e 5+050 das C1.5 e CP de Alvito Baixo.
Programou-se então a realização de duas sondagens: uma para escavação de contextos associados a estruturas positivas, num total de 54 m2, e outra para diagnóstico de uma mancha de sedimento com carvões na proximidade das estruturas positivas, num total de 2.25 m2. Verificando-se que esta mancha correspondia a um forno, esta última sondagem foi alargada de forma a abranger a totalidade da estrutura de combustão.
Os contextos intervencionados em ambas as sondagens puderam ser enquadrados numa cronologia romana, representando um pequeno casal rústico a cuja área edificada se associava uma estrutura de combustão. A área edificada, observada na sondagem 1, era constituída por um conjunto de estruturas em alvenaria, muito afectadas por trabalhos agrícolas, tendo como limites dois muros, no interior dos quais três outras estruturas compartimentariam esta mesma área.
Na sondagem 2 observou-se uma estrutura negativa, escavada no substrato geológico local e utilizada como estrutura de combustão. Era constituída por uma zona de fornalha sub-circular e por um corredor de acesso e as suas paredes apresentavam vestígios de argila queimada.
Localizado numa área do concelho de Alvito caracterizada pela densidade de ocupação durante o período romano, este casal rústico pôde ser enquadrado num conjunto de arqueosítios romanos que o rodeiam, entre os quais as villae do Convento de São Francisco e da Fonte da Telha 1, assim como outros pequenos casais rústicos, como no Cabeço do Bacalhau ou na Fonte da Telha 2.
Embora considerando o carácter parcial da intervenção realizada, apenas na área de afectação do projecto em curso, pareceu possível enquadrar a ocupação deste sítio num universo alto imperial, em redor dos séculos I e II d.C. Contribuíram para esta datação a identificação de um fragmento de terra sigillata sud-gálica e de fragmentos de ânfora do universo da forma Haltern 70, assim como de algumas formas de cerâmica comum com paralelos desta cronologia.