Circuito Hidráulico de Roxo-Sado, Barranco de Rio de Moinhos 2
Os trabalhos realizados no sítio do Barranco de Rio de Moinhos 2, enquadrados na execução do Bloco de Rega Roxo-Sado (Fase de Obra), decorreram entre os dias 24 de Março e 2 de Abril de 2015. Efetuaram-se cinco sondagens manuais com o objectivo de caracterizar um conjunto de realidades de possível interesse arqueológico, numa área total de 59,75 m2.
Na escavação foram identificadas nove estruturas negativas correspondentes a deposições, provavelmente secundárias, de restos de cremações funerárias. Uma décima estrutura negativa semelhante às anteriores não apresentava restos osteológicos, pelo que não foi possível a sua identificação como estrutura funerária, sendo um local de realização de um fogo com funcionalidade indeterminada.
Oito das nove estruturas funerárias apresentavam oferendas, compostas maioritariamente por recipientes de cerâmica comum oxidante. Algumas sepulturas apresentavam, ainda, outro tipo de materiais. As duas únicas lucernas presentes encontravam-se na mesma estrutura (Estrutura 8 da sondagem 4), sendo que nesta mesma apareciam também fragmentos de dois recipientes em vidro, um deles provavelmente um unguentário. Apenas foi registada a presença de fragmentos de vidro numa outra sepultura (Estrutura 2 da sondagem 4), sem que fosse possível identificar a forma do recipiente. Desta mesma estrutura foi recolhida uma moeda.
Uma sepultura (Estrutura 1 da sondagem 1) apresentou duas contas de colar, uma delas antropomorfa, para além de recipientes de cerâmica comum. O resto do espólio arqueológico correspondia a elementos em ferro, destacando a presença de pregos em duas das sepulturas. Para além das estruturas funerárias, foi escavada uma sepultura de inumação que cortava parcialmente uma estrutura anterior com restos de cremação. Os restos ósseos encontravam-se em mau estado de preservação e não apareceu espólio votivo associado.
Foi detectada, ainda, uma estrutura positiva em pedra cuja função não foi possível determinar. Tratava-se de um alinhamento com orientação aproximada Norte – Sul, localizado no limite Oeste da área da intervenção. Toda vez que a estrutura se prolongava para além dos limites da sondagem e não seria possível apurar qualquer interpretação com a sua escavação parcial, a tutela determinou a necessidade de garantir a sua preservação pela obra.
Quanto à cronologia do sítio arqueológico, o único elemento preciso de datação detectado é uma moeda recuperada ao interior de uma das estruturas negativas, cunhada nos meados do século III d.C., sendo que os restantes materiais associados não discordam com essa cronologia.
A presença de uma sepultura de inumação no mesmo local de um conjunto de estruturas com restos de cremações funerárias indicou um possível momento de transição cultural, que comummente é colocado entre os séculos III e V d.C. Uma vez que o abandono das práticas funerárias de cremação se produz paulatinamente durante os séculos III/IV d.C. e a passagem às de inumação tem lugar durante os séculos IV/V d.C., a cronologia apontada pelo espólio arqueológico resultou coerente.