Ligação ao Sistema de Adução de Morgável, Monte Novo dos Modernos 1
As sondagens arqueológicas efetuadas no sítio Monte Novo dos Modernos 1 (Ermidas-Sado, Santiago do Cacém), no âmbito da execução da Ligação ao Sistema de Adução de Morgável: Fase prévia à obra, ocorreram entre os dias 3 e 19 de Agosto e de 28 de Setembro a 6 de Outubro de 2015.
O sítio em questão foi assinalado pelo Dr. Paulo Marques (EDIA), tendo-se recolhido diversos artefactos líticos, dispersos numa área cuja visibilidade do solo era muito reduzida, em fase de EIA (Pereiro, 2014).
Realizaram-se 11 sondagens manuais no eixo central da área de afectação, implantadas numa área de dispersão de materiais arqueológicos à superfície e de acordo com as condições geomorfológicas do local. Esta zona corresponde ao interflúvio junto à confluência entre o barranco do Vale do Pereiro e a ribeira do Rôxo, antes de convergir com o rio Sado.
Foram identificados materiais líticos talhados em quartzo e jaspe em depósito coluvionar (camada 2) sob o solo holocénico (camada 1) que inclui, além de material lítico muito provavelmente derivado da truncatura erosiva provocada pelos trabalhos agrícolas, material arqueológico contemporâneo (cerâmica de construção, plásticos, etc.).
Sob estes depósitos sedimentares, inicia-se uma sequência sedimentar estéril (camadas 3, 4, 5 e 6), cujas características, e de acordo com a cartografia geológica disponível, podem ser enquadradas no Pleistocénico e Miocénico.
Face à conservação de um depósito sedimentar com materiais arqueológicos provavelmente datáveis do Paleolítico Superior, assim como a provável conservação de outros depósitos sedimentares análogos, e perante as características geomorfológicas regionais na Bacia sedimentar do Sado, propuseram-se as seguintes medidas de minimização durante a fase de obra, tanto para a zona do Monte Novo dos Modernos como no resto da empreitada de Ligação ao Sistema de Adução de Morgável: decapagem do nível superficial (solo agrícola); durante a escavação de vala, ter em atenção a sequência estratigráfica dos diferentes níveis inferiores até serem atingidos os níveis correspondentes aos depósitos sedimentares mioplio-pleistocénicos; recolha do material arqueológico; acompanhamento de obra realizado por especialista em Pré-história Antiga.
Estas medidas de minimização são suportadas pelas características geomorfológicas da região, que permitem a conservação de depósitos sedimentares do Pleistocénico superior, e cujo conhecimento na região é praticamente nulo, especialmente para o Paleolítico Superior, não se conhecendo nenhum sítio desta cronologia no Centro-Oeste Alentejano.