Palácio Ludovice, Lisboa
Com acesso por várias ruas, o Palácio Ludovice está classificado como Imóvel de Interesse Público, abrangido pela Zona de Proteção do Ascensor da Glória, pela Zona de Proteção do Aqueduto das Águas Livres e pela Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente.
Assim, encontrando-se esta área abrangida pelas servidões mencionadas e na Zona de Intervenção de nível II do PDM – Plano Diretor Municipal de Lisboa, foram realizadas quatro sondagens de 2 x 2 m2, inicialmente a implantar sobre a área dos Poços P1, P2 e P3 do Plano de Prospeção Geotécnica.
Numa perspetiva de avaliação do potencial científico e patrimonial dos contextos arqueológicos que pudessem existir, visava-se informar o projeto para este imóvel relativamente à presença de vestígios arqueológicos e, simultaneamente, informar o projeto de Geotecnia. Com a evolução dos trabalhos, tornou-se necessário proceder à alteração da localização de um dos poços, tendo sido aberto um quarto poço.
No decurso dos trabalhos arqueológicos realizados no âmbito das sondagens geotécnicas foi possível identificar realidades arqueológicas diretamente relacionadas com o atual conjunto edificado (alicerces, pavimentos, canalizações), cujas valas de fundação, nomeadamente em todo setor Oeste do edifício, cortaram depósitos contendo materiais de cronologia pré-histórica (Neolítico), à semelhança do que havia já sido registado no edifício que fica mais a Sul (Palácio dos Lumiares).
Face aos resultados desta primeira abordagem arqueológica, constatou-se que as áreas objeto de intervenção no subsolo no âmbito da implementação do futuro projeto deveriam ser precedidas de ações mais alargadas de caracterização arqueológica, estabelecendo-se uma estratégia de atuação que contemplasse medidas de minimização específicas consoante os impactes previstos e o tipo de contextos a afetar.
2017
Adjudicados à ERA-Arqueologia pela IMOHINE, estes trabalhos arqueológicos realizados no âmbito do empreendimento de reabilitação do Palácio Ludovice decorreram entre os dias 20 de fevereiro e 28 de julho de 2017.
Consistindo em 7 sondagens de diagnóstico, a intervenção permitiu a identificação de três contextos distintos. O primeiro corresponde às estruturas do edifício e às remodelações que sofreu até aos nossos dias. As valas de fundação destas estruturas, por seu lado, cortavam uma estratigrafia pré-histórica preservada que incluía um depósito coluvionar e um paleossolo, respetivamente, segundo e terceiro contextos identificados.
A estratigrafia encontrava-se preservada entre os alicerces e valas aterradas, relacionadas com os edifícios que ali foram sendo construídos desde o século XVI, altura em que Lisboa se expande para fora da Muralha Fernandina, a qual passava (estando em parte ainda conservada) ao longo da atual Rua da Misericórdia.
A nível de medidas de minimização, propôs-se a realização de escavação arqueológica e acompanhamento arqueológico de todos os contextos arqueológicos a serem afetados pela implementação do presente projeto de reabilitação, com aplicação de metodologias adequadas aos contextos arqueológicos presentes.
Dada a presença de contextos pré-históricos preservados, nomeadamente paleossolo e possível presença de estruturas pré-históricas, as terras provenientes destes contextos deveriam ser alvo de crivagem a água.