Circuito Hidráulico Caliços-Pias, Herdade da Torre
Realizados no âmbito da “Minimização de Impactes sobre o Património Cultural decorrentes da execução do Circuito Hidráulico Caliços-Pias – Fase Prévia à Obra”, estes trabalhos no sítio da Herdade da Torre decorreram entre 2 de Julho e 4 de Outubro de 2012. A Herdade da Torre fora considerada no EIA como uma mancha de ocupação/villa, com cronologia atribuída à Pré-história Recente/época Romana.
As ações efetuadas consistiram em 10 sondagens manuais de diagnóstico (2x2) no eixo da vala projetada para a colocação da conduta de rega, num total de 40 m², e na vala de ligação que englobou a decapagem mecânica entre as sondagens 11, 12, 13 e 15, num total de 208,80 m², onde foram intervencionadas manualmente 37 estruturas, num total de 105,25 m².
Este sítio foi ainda alvo de sondagens de diagnóstico com recurso a meios mecânicos, tanto na zona Oeste da plataforma (5 sondagens de 4x1) como na área a afetar pela construção do adutor (3 sondagens de 4x1), a Norte, no topo do cabeço. Na zona da plataforma, as sondagens não foram implantadas na área afeta ao projeto, pelo que o diagnóstico da zona mais a Oeste da plataforma foi realizado posteriormente através de sondagens manuais (n.º 20 a 23).
A conclusão destes trabalhos permitiu aferir que no local estabelecido para a colocação das infraestruturas de rega existiam vestígios de ocupações preservadas com uma longa diacronia, aproximadamente desde o século II d.C. até ao século XII d.C., existindo uma possível fase de abandono do sítio entre os séculos V a VI.
No que concerne ao período romano, destacou-se a presença de uma estrutura (Estrutura 4) em mau estado de conservação, cuja funcionalidade não foi possível determinar, e inúmeros fragmentos (visíveis à superfície) de terra sigillata, cerâmica de construção e cerâmica comum. Considerando a proximidade de uma possível villa romana (a cerca de 150 m norte), e apesar de a informação disponível não ser suficiente, poder-se-ia colocar a hipótese de a Estrutura 4 corresponder aos vestígios de um edifício da pars rustica da villa.
A ocupação islâmica (séc. IX a XII) materializou-se na existência de estruturas positivas e negativas.
Os vestígios de ocupação humana identificados na área a afetar pela construção da conduta foram integralmente intervencionados. Assim, propôs-se como medida de minimização o acompanhamento arqueológico durante a abertura da vala para a colocação desta infraestrutura, de forma a detetar eventuais artefactos pré-históricos que ali se encontrassem em posição secundária.