Palácio de Dona Rosa, Rua dos Remédios, Lisboa

Adjudicados à ERA pela Ger Antigo Imobiliária, Lda., estes trabalhos decorreram entre os dias 30 de Abril e 21 de Maio de 2013. Foram realizados no âmbito do projeto de reabilitação do edifício conhecido como Palácio de D. Rosa, sito na Rua dos Remédios n.º 139/Escadinhas D. Rosa, localizado no bairro de Alfama, em Lisboa.

O imóvel em questão insere-se numa zona de elevado potencial arqueológico, já que a totalidade da parcela está abrangida pela Zona de Protecção do “Castelo de São Jorge e Restos das Cercas de Lisboa”, facto que levou à programação de uma abordagem arqueológica integrada prévia à obra, contemplando-se a realização de 5 sondagens manuais de diagnóstico arqueológico.

Assim, foram realizadas 3 sondagens de 2 m X 2 m e 2 de 2,5 m X 2,5 m com o objetivo de avaliar o potencial arqueológico em diferentes locais da referida área edificada. A posterior identificação de estruturas nas sondagens 1 e 3 levou ao seu alargamento para possibilitar a compreensão destas realidades, tendo, no total, sido intervencionados 35 m².

De forma a garantir uma maior eficácia da intervenção e seus resultados, estas sondagens foram implantadas de forma dispersa, nas zonas onde se previa uma maior afectação pelo projeto de obra, nomeadamente em áreas exteriores, onde estavam previstos trabalhos de movimentação de terras para a construção de muros e sapatas de fundação. Além disso, efetuaram-se em zonas onde estava prevista a posterior execução de sondagens geotécnicas para avaliação do estado de consolidação das estruturas arquitectónicas (aferindo-se assim previamente do potencial estratigráfico arqueológico dessas áreas).

Obtiveram-se resultados algo díspares nas diferentes sondagens, embora se destaque em todas a presença de contextos contemporâneos de ocupação desta área edificada. Assim, na sondagem 2, não se identificaram contextos de qualquer tipo, surgindo o substrato geológico a cerca de 0,20 m de profundidade.

Nas sondagens 4 e 5, apenas se identificaram estes níveis de ocupação dos séculos XIX e XX, com algumas estruturas pouco significativas de apoio aos quintais e hortas. Importa referir que, na sondagem 5, o nível natural de argilas estava a cerca de 0,50 m de profundidade, enquanto que na sondagem 4 os 3 metros de profundidade não foram suficientes para o alcançar, facto que demonstra o perfil abrupto da colina onde se implantou o bairro de Alfama.

Na sondagem 1, foi identificada uma grande estrutura abobadada, construída em alvenaria de tijolo burro e de tijolo maciço de fabrico industrial, de forma aparentemente subcircular, que poderia corresponder a uma cisterna ou galeria, com funções de recolha de água. Esta estrutura surge a cerca de 0,50 m de profundidade e não foi colocada à vista na sua totalidade.

Na sondagem 3, foi possível observar a presença de estruturas associadas a uma área edificada pré-existente ao actual Palácio da D. Rosa, cujos níveis de abandono permitem datar da 2.ª metade do século XVII/1.ª metade do século XVIII, correspondendo assim à ocupação pré-pombalina desta área.

Na zona do pátio onde se localizaram as sondagens 1 e 3, e perante a presença de contextos arqueológicos preservados, considerou-se que se o projecto de obra viesse a prever trabalhos de afetação de subsolo, seria necessário proceder à escavação arqueológica integral dos mesmos, na área e cota de afetação prevista no referido projeto para movimentações de terra.

No restante espaço, e considerando a localização desta área edificada numa zona de elevada sensibilidade arqueológica, os trabalhos que implicassem movimentações de terras e afetação do subsolo deveriam ser alvo de acompanhamento arqueológico permanente. A identificação de novos contextos arqueológicos preservados deveria trazer uma alteração de metodologia com a escavação arqueológica integral dos mesmos, nas áreas de afetação previstas em projecto, devendo esta possível alteração metodológica ser precedida de reunião e parecer da tutela sobre a mesma.

 

CONSERVAÇÃO E RESTAURO

Troço da Muralha Fernandina, edificada no século XIV em Lisboa, no qual a ERA realizou trabalhos de conservação e restauro. Os trabalhos visaram sobretudo a conservação da alvenaria (elementos pétreos e argamassas) que compõe os paramentos da muralha, bem como, dos vestígios de revestimento cerâmico localizados no patamar mais elevado.

                                                          Muralha.

Foram realizadas, entre outras, as seguintes operações: limpeza mecânica, remoção de elementos disfuncionais, nefastos ou inestéticos, injecções, preenchimentos estruturais e preenchimentos de juntas e lacunas (com argamassa).

 

NOVA FASE DE DIAGNÓSTICO ARQUEOLÓGICO

Estes labores decorreram, de forma intermitente, entre 27 de Abril de 2015 e 22 de Maio de 2017. Vieram no seguimento de várias fases de diagnóstico, que permitiram responder a algumas questões que tinham sido deixadas em aberto.

De um modo geral, verificou-se a presença de contextos contemporâneos à construção do edifício ou posteriores ao mesmo, nomeadamente nas zonas exteriores e de jardim, encontrando-se no interior o substrato geológico quase à superfície. Ainda no interior do edifício, foi possível observar a presença de lajeados que corresponderiam ao pavimento original do palácio, bem como estruturas de saneamento.

Já no exterior, foi possível completar o registo da Área 1, onde se localizava a cisterna e estruturas adjacentes, bem como a presença de outras estruturas de cariz funcional. Também na sondagem 10 se registou a presença de uma estrutura e contextos anteriores ao terramoto de 1755.

 

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