Largo das Olarias, n.º 35 a 42, Lisboa
Estes trabalhos arqueológicos enquadraram-se na empreitada de reabilitação do edifício sito no Largo das Olarias, 35 a 42, em Lisboa, cuja localização implica a afetação de áreas com potencial arqueológico, já que se desenvolveram em Zona de Intervenção de nível II do PDM de Lisboa. Adjudicados à ERA-Arqueologia pela Libertas, decorreram de forma faseada entre Dezembro de 2014 e Abril de 2016.
Assim, numa primeira fase, prévia ao início da empreitada, foram realizadas oito sondagens de diagnóstico. Estas permitiram aferir a presença de contextos arqueológicos preservados, nomeadamente, estruturas em alvenaria, estruturas negativas de funcionalidade indeterminada (fossas), manchas de carvões com materiais associados, uma caleira, um pavimento e, por fim, o que indiciava ser parte de uma estrutura de combustão (eventual forno), à qual estavam associados dois conjuntos de tijolos dispostos em duas linhas paralelas.
Dado o carácter parcial deste diagnóstico, muito condicionado pelos inúmeros obstáculos físicos existentes (as paredes interiores do edifício ainda não haviam sido demolidas), foram propostos trabalhos de caracterização/minimização adicionais, a serem executados após a conclusão da fase de demolição. Assim, numa segunda fase, foram implantadas novas áreas de escavação arqueológica, de acordo com as áreas de afetação previstas no projeto em execução: quatro sapatas, uma caixa de elevador e uma caixa de visita para esgotos.
Perante a necessidade de um rebaixamento geral da área, para fundo de caixa, procedeu-se ainda a dois alargamentos, englobando as áreas onde se identificaram vestígios arqueológicos preservados, nomeadamente os contextos relacionados com o eventual forno. Os trabalhos realizados incluíram ainda o acompanhamento arqueológico das novas ligações do sistema de saneamento urbano e telecomunicações, assim como da decapagem da área para implantação da caixa de fundo para o novo pavimento.
Foi possível confirmar a existência de estruturas de combustão, associadas à produção oleira, assim como de estruturas negativas repletas de despejo de restos de produção de cerâmica e cinzas, intercaladas por níveis de argila. Em associação com as referidas estruturas oleiras, os materiais cerâmicos recolhidos (taças, malgas, testos, potes, entre outras formas em cerâmica comum) apontam para cronologias enquadráveis no séc. XVII, o que é consentâneo com as fontes que referem este período como de grande expansão para a atividade oleira nesta região de Lisboa.