Bloco 9 - Altas Moras 2
O sítio arqueológico designado por Altas Moras 2, cartografado com o nº 56 no mapa 13 do Quadro Geral de Referência do património arqueológico do regolfo da barragem de Alqueva (Silva, 1996: 156) e correspondendo ao número de inventário 961156 (CMP-492), foi localizado nas prospecções realizadas no âmbito do Estudo de Impacte Ambiental do Empreendimento do Alqueva (Silva, 1986), embora já tivesse sido identificado como necrópole da Idade do Bronze (Gamito, 1988).
No relatório efectuado (idem), o sítio é ao atribuído Neolítico / Calcolítico com base em vestígios recolhidos à superfície. Localizando-se à cota de 157.56 m (150 m de acordo com os dados do Quadro Geral de Referência da EDIA), este sítio foi indirectamente afectado pelo regolfo da barragem de Alqueva, tornando-se o acesso ao sítio muito complicado.
Os trabalhos arqueológicos consistiram na escavação de quatro sondagens, que tinham no total de 96m2, distribuídas pelo topo da vertente norte do cabeço, de forma a integrar o alinhamento formado pelos grandes blocos de quartzo (sondagem 3) e a detectar diferentes áreas funcionais do possível habitat. A intervenção arqueológica da ERA-Arqueologia não revelou vestígios evidentes desse habitat, mas possibilitou a identificação de duas cistas (Lago, 1999), que podem ser situadas cronologicamente na Idade do Bronze, devido aos paralelos existentes para a sua arquitectura.
Esta recente descoberta acabou por confirmar os dados apresentados por Irisalva Moita e por H. Schubart, que sugeriam a existência de uma necrópole da Idade do Bronze no sítio das Altas Moras. As duas cistas estavam muito destruídas e no seu interior não se recolheu qualquer tipo de espólio arqueológico.
Esta realidade contrasta com o conjunto de materiais arqueológicos, constituído sobretudo por fragmentos de recipientes cerâmicos, encontrados nos depósitos de terra existentes sobre a rocha-base. Ou seja, neste local, não foram detectadas estruturas arquitectónicas que possam ser associadas a um povoado Neolítico, Calcolítico ou mesmo da Idade do Bronze, mas recolheram-se materiais arqueológicos que podem estar relacionados com uma ocupação durante qualquer um destes períodos.
A necrópole está localizada a Sul do Alcarrache, precisamente numa zona de transição entre as terras mais aplanadas e as outras bem sinuosas, que se prolongam para sul, sobretudo ao longo do Guadiana, e avança sobre o vale de uma ribeira. Se para norte a paisagem é aplanada e a visibilidade muito alargada, sendo visíveis ao longe Monsaraz e Mourão, para sul e SO a linha de horizonte é limitada pela sinuosidade dos cabeços próximos. As encostas viradas a sul são relativamente suaves, embora o desnível até à ribeira seja bastante acentuado (Lago, 1999:4).
Embora a expectativa inicial fosse realizar uma escavação arqueológica num povoado, os resultados desta intervenção nas Altas Moras vieram confirmar a existência, neste local, de uma necrópole do Bronze Pleno, formada por duas sepulturas, e indicar a presença de um povoado, de cronologia indefinida, nas suas imediações. A relação cultural entre estes dois ambientes é ainda impossível de estabelecer por cauda da ausência de contextos habitacionais preservados e da escassez de dados sobre rituais funerários praticados na necrópole.