Bloco de Rega de Orada – Amoreira, sítio Quinta João Privado (Fase 3)
Na primeira fase dos trabalhos no sítio Quinta João Privado, com a realização de sondagens de diagnóstico, foi detectada uma sepultura onde se registou a presença de um grande contentor. Sem qualquer outro material associado ou vestígios de ossos, quer na sepultura, quer no interior do contentor cerâmico, a sua forma enquadra-se no período muito lato que vai da Idade do Ferro ao Romano Tardio.
A identificação desta estrutura tornou necessária a realização de uma decapagem mecânica para despiste de novas realidades na área de afectação, a qual veio a revelar novos contextos arqueológicos. Assim, encontrando-se estes contextos na área a afectar pelo alargamento da estrada actual, verificou-se a necessidade de proceder à escavação manual dos mesmos, num total de 10 m².
Após a escavação das interfaces, observou-se que existiam duas realidades distintas: uma correspondente a uma possível depressão de origem natural, cheia com um depósito sem qualquer tipo de material arqueológico, e outra pertencente a um contexto arqueológico preservado. No que respeita a esta última, pareceu tratar-se de uma fossa de forma alongada, pouco profunda (cerca de 40cm), na qual se encontraram cerâmica manual pré-histórica e materiais líticos nos seus enchimentos.
Alguns dos fragmentos pertenciam a pratos de bordo almendrado e taças de bordo espessado, remetendo, juntamente com os elementos líticos, para uma cronologia do Calcolítico. Sem qualquer associação aparente à sepultura escavada em fase anterior, e tendo em conta o diferente tipo de material encontrado, não seria possível retirar mais ilações dos contextos escavados.
Salientou-se apenas que o local teria tido uma ocupação relativamente extensa no tempo, a julgar pelos vestígios de diferentes cronologias encontrados nas diferentes fases de trabalhos (desde o Calcolítico à actualidade). Corresponderia também a distintos tipos de ocupação, observando-se a existência no local de um contexto funerário e, possivelmente, habitacional.
Devido ao aparecimento de contextos arqueológicos preservados, preconizou-se o acompanhamento arqueológico permanente de qualquer remoção de terras necessária durante as obras de alargamento e melhoramento da estrada, com particular atenção nesta área e nas proximidades.