Forte da Graça, Elvas
Estes trabalhos foram adjudicados pela Câmara Municipal de Elvas e decorreram, entre 17 de Julho e 2 de Setembro de 2013, no âmbito do Projecto de Reabilitação e Recuperação do Forte da Graça. Classificado como Monumento Nacional, o Forte da Graça constitui-se como um monumento integrado na Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações, conjunto histórico-cultural classificado como Património Mundial da UNESCO.
As ações realizadas tinham como objetivo geral o acompanhamento arqueológico permanente, a realização de eventuais sondagens/escavações arqueológicas, levantamentos parietais e a elaboração de pareceres, relatórios e um plano de divulgação, nomeadamente, nas áreas de incidência dos Projectos de Estabilidade, Abastecimento de Água, Drenagem de Águas Residuais Domésticas e Pluviais.
No decurso dos trabalhos foram obtidos os seguintes resultados: a identificação de duas cisternas sob o pavimento das casas dos oficiais no baluarte da cidade; o registo de uma estrutura composta por um ferro de secção quadrangular que percorre, sob o pavimento em tijoleira, o corpo da guarda do Hornaveque na sua secção sudeste; a identificação de um conjunto de caixas, sumidouros e reservatórios pertencentes à rede de esgotos e escoamento de águas pluviais; a identificação do sistema de escoamento de águas pluviais desde os terreiros de magistral, fossos principal e secundário e terraço da casa do governador; o registo das duas saídas exteriores da rede de esgotos e escoamento de águas pluviais.
2015
A ERA concretizou, ao longo de 2015, uma intervenção importante de recuperação do Forte da Graça. Esta fortificação foi mandada construir por D. José I, com projecto da responsabilidade do Conde de Lippe, tendo a obra decorrido entre 1763 e 1792. O forte resistiu ao ataque das tropas espanholas durante a Guerra das Laranjas (1801), e ao bombardeamento da artilharia francesas, no contexto da Guerra Peninsular (1811). É uma obra-prima da arquitectura militar europeia do século XVIII, cujo modelo arquitectónico se apresenta em três linhas defensivas principais:
- A Primeira linha defensiva, que se apresenta em estrutura poligonal, composta por onze redentes, que conferem à estrutura geral a forma de uma estrela. É complementada por outras estruturas defensivas.
- Entre a Primeira linha defensiva e a Segunda, existe um Fosso de forma quadrangular, denominado por Fosso Principal e entre a Fortificação Abaluartada e a linha defensiva seguinte, o Reduto Central, encontra-se o Segundo Fosso.
- A Segunda linha defensiva apresenta-se sob uma estrutura de planta quadrangular, sendo completado por baluartes pentagonais nos vértices, estrutura denominada por Fortificação Abaluartada. Nesta linha encontramos também estruturas como as Capoeiras e os Paióis.
- O Reduto Central, considerado como última linha de defesa, apresenta-se numa estrutura de planta quadrangular, disposta obliquamente, e é composto por vários pisos. No piso subterrâneo encontra-se a cisterna, que recebe as águas pluviais recolhidas em diferentes pontos do forte; o primeiro piso, ligeiramente mais alto em relação ao fosso, apresenta uma área central de configuração octogonal, que funcionou parcialmente como capela; o segundo piso, composto pelas casamatas, compartimentos defensivos com função de proteger a parte superior da construção; por último, no terceiro piso, o do terraço, “eleva-se a casa destinada para residência do Governador do forte, a qual se compõe d´um pavimento ao rez do terraço e d´um andar superior” .
A intervenção incluiu um importante conjunto de trabalhos de arqueologia e de conservação e restauro:
- Coordenação geral dos trabalhos de conservação e restauro;
- Execução dos trabalhos de conservação e restauro de cantarias;
- Execução dos trabalhos de conservação e restauro de pinturas murais;
- Execução dos trabalhos de conservação e restauro de estuques.
- Acompanhamento arqueológico de toda a empreitada;
Este foi um projecto promovido pela Câmara Municipal de Elvas.
ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO (ACESSO AO FORTE)
Estes trabalhos arqueológicos foram realizados durante a execução da obra de Acesso ao Forte da Graça – Estacionamento e Infraestruturas Exteriores, integrada nas obras de Reabilitação do Forte de Nossa Senhora da Graça. Adjudicados à ERA-Arqueologia pela Senpapor, decorreram entre os dias 25 de Maio e 19 de Junho de 2015.
O plano de trabalhos desenvolvido pela ERA-Arqueologia teve como objectivo o acompanhamento arqueológico de todos os trabalhos de remoção de terras da obra do Caminho de Acesso ao Forte da Graça, desde a sua intersecção com a N246 até à esplanada localizada em frente das Portas de Acesso.
Em síntese, apesar de se terem registado fragmentos de peças de cerâmica na zona do Parque de Estacionamento 3 e na área de implantação do Depósito 2/Parque de Estacionamento 4, não foram identificados vestígios de estruturas positivas ou negativas nas áreas afectadas por esta empreitada. Quanto aos restos de cerâmica referidos, estes poderiam estar relacionados com actividades agrícolas e com a ocupação do forte.
As unidades superficiais, embora actualmente muito afectadas pela actividade agrícola, estariam relacionadas com a construção da esplanada exterior do forte. Por último, a análise da estratigrafia identificada na vala para nivelar o terreno assim e na área do Parque de Estacionamento 4/Depósito 2, permitiu concluir que este local serviu de vazadouro dos militares aquando das demolições das estruturas existentes no Fosso Principal, trabalhos efectuados no momento de abandono do Forte.