Antigo Edifício das Escolas Velhas, Almeirim
A intervenção arqueológica realizada no âmbito da empreitada de recuperação e reconversão, em Centro de Interpretação Histórica de Almeirim, do antigo Edifício das Escolas Velhas (e antiga Igreja/Capela do Divino Espírito Santo) decorreu entre Abril e Junho de 2015.
Os trabalhos respeitaram a um contexto arqueológico de necrópole que deixou perceber uma intensa utilização (de larga diacronia), tendo sido reconhecidos, pelo menos, quatro momentos de tumulação em sucessão, infelizmente sem que se tenha conseguido uma atribuição cronológica fina a estes diferentes períodos. Foram intervencionados 28 sepulturas e 9 ossários que corresponderam a 27 enterramentos, maioritariamente de adultos (21 e 6 não adultos), dado que um não tinha já material osteológico. A este conjunto devem-se acrescentar 9 ossários, depositados em sepulturas.
A análise do material osteológico (passível de estudo) apontou para uma população total de 108 indivíduos, composta por 27 indivíduos em conexão anatómica a que se somam 81 indivíduos identificados a partir dos 18 ossários (55 adultos e 26 não adultos). Em relação à diagnose sexual para o geral da necrópole, foi possível reconhecer 26 mulheres e 25 homens. Não foi possível chegar à identificação de 57 elementos osteológicos, sendo que nos indivíduos indeterminados quanto à sua diagnose sexual se encontravam os não adultos (32), por razões óbvias.
Na sua maioria, tratam-se de deposições primárias, em sepulturas que se cortam uma às outras. Os corpos foram colocados em decúbito dorsal paralelamente ao sepulcro, com a face virada para nascente (segundo o cânone cristão) e os membros superiores invariavelmente dobrados sobre o peito ou zona pélvica e os inferiores estendidos em paralelo ou cruzados. Nove destas sepulturas correspondiam, provavelmente, a sepulturas reaproveitadas, encontrando-se o anterior ocupante em redução osteológica.
Poucos foram os enterramentos que apresentavam um espólio funerário directamente associado ao corpo. No entanto, algumas sepulturas apresentavam moedas colocadas entre as mãos ou perto da face, infelizmente sem leitura, tendo sido identificados uma série de alfinetes de sudário, o que documenta o amortalhamento dos corpos. Uma única excepção, a sepultura 22, apresentava um resto de um toucado/ou tiara em torno do crânio.
Considerando a análise artefactual genérica aos contextos intervencionados, foi possível afinar uma cronologia inicial de utilização, da área em análise, de meados do século XVI, havendo um pico de ocupação entre os séculos XVII e XVIII, verificando-se uma gradual diminuição a partir dos finais do século XVIII.
39.211570, -8.628837