Rua dos Poiais de São Bento 1-9/Rua Poço dos Negros 6, Lisboa
Adjudicados à ERA pela Five Stars – Fundo de Investimento Imobiliário, estes trabalhos arqueológicos foram realizados no âmbito das obras de reabilitação no edifício sito na Rua dos Poiais de São Bento nº 1-9/Rua Poço dos Negros nº 6, em Lisboa. As sondagens de diagnóstico decorreram entre 24 de Abril e 11 de Maio e o acompanhamento arqueológico de 4 de Maio a 14 de Julho de 2015, com interrupções pontuais.
A intervenção permitiu aferir alguns dados referentes a diferentes momentos de ocupação do palácio. No Piso -1, as sondagens de diagnóstico revelaram contextos estratigráficos bastante lineares. A identificação do substrato geológico imediatamente abaixo dos níveis contemporâneos de pavimento e aterro atestou os dados segundo os quais esta fachada do palácio se encontraria numa área de desnível, correspondente à cota da Rua do Poço dos Negros.
Por outro lado, as sondagens abertas no Piso 0 possibilitaram a identificação de elementos que nos remeteram para uma fase inicial de ocupação do edifício. Nas Sondagens 3 e 6, foram identificados níveis de calçada em basalto, sendo que, no caso da 3, com espólio associado de cronologia moderna (século XVII).
A tipologia construtiva destes pisos levou-nos a identificá-los como níveis de pavimento de uma área interior do edifício, designadamente as cocheiras/cavalariças. Mais uma vez, os dados arqueológicos pareceram atestar os dados históricos, segundo os quais as cavalariças se localizavam no piso térreo do palácio, áreas onde o pavimento seria, precisamente, como os identificados durante os trabalhos.
Da fase pré-terramoto, identificámos vestígios na Sondagem 3, designadamente um muro. Associado a este estava um depósito com material arqueológico de cronologia moderna, nomeadamente fragmentos de porcelana chinesa e panelas de pegas triangulares, produções características do século XVII. Esta estrutura encontrava-se numa cota mais baixa do que o nível de calçada, remetendo-nos para uma cronologia anterior a este pavimento. Por outro lado, a orientação Norte-Sul da estrutura, desenquadrada do alinhamento do edificado correspondente ao palácio, permitiu-nos apenas levantar a hipótese de se tratar de um elemento de cariz habitacional, anterior a este edifício palaciano.
Quanto à Sondagem 4, o muro registado remeteu-nos para uma cronologia de século XVII/inícios do século XVIII. A sua tipologia levou-nos a colocar a hipótese de se tratar de um elemento arquitectónico do interior do palácio, posteriormente modificado. Por fim, no âmbito dos trabalhos de acompanhamento arqueológico não foram registados vestígios arqueológicos.