Sítio de Meu Jardim, EN 242 – variante da Nazaré, Concessão do Litoral Oeste
Efectuados em 2010, estes trabalhos enquadraram-se numa perspectiva de minimização de impactes sobre o património cultural decorrentes da execução da EN 242 – variante da Nazaré, no âmbito da execução da Concessão do Litoral Oeste. Estava preconizado um conjunto de acções de minimização, em parte revestidas de uma natureza de diagnóstico, nomeadamente no caso das escavações arqueológicas.
O sítio de Meu Jardim foi identificado no decorrer do acompanhamento arqueológico da referida obra, tendo-se registado a ocorrência de restos de malacofauna (conchas de berbigão e ostras), uma camada de cinzas e uma superfície termo-alterada de areias vermelhas mais compactas. Foram ainda detectados, nas imediações dessa eventual estrutura de combustão, uma série de achados, nomeadamente, uma lâmina em sílex truncada, uma lasca em quartzito, dois termoclastos em quartzito, dois núcleos em sílex, duas lascas em sílex, duas lascas em quartzo, dois fragmentos de cerâmica manual vermelha, dois fragmentos de xisto e dois fragmentos indeterminados.
Tendo em conta as áreas de concentração dos materiais arqueológicos, bem como a localização dos depósitos de concheiro, estabeleceu-se em reunião de campo a realização de sondagens manuais, num total de 102m2. Foi também prevista a recolha de amostras de materiais orgânicos para realização de uma datação Carbono 14.
Para além da escavação manual das referidas áreas, estabeleceu-se também que a Este do pilar 13, entre este e o restaurante “Meu Jardim”, numa área onde era também visível à superfície grande quantidade de malacofauna, seria feita uma desmatação manual que permitisse o registo topográfico do depósito, bem como a sua protecção com manta geotêxtil. Mecanicamente, preconizou-se a escavação de uma vala com ligação à sondagem maior para perceber até onde se registavam os depósitos com materiais arqueológicos.
A descoberta do sítio do “Meu Jardim” reveste-se de particular importância para o estudo do processo de neolitização da região, quer pela natureza da informação que pode proporcionar, quer pela localização relativa que apresenta. Aqui, assume destaque a sua vinculação estuarina e litoral, numa área onde a informação disponível para o período era exclusivamente “interior”. A intervenção de minimização realizada não esgotou o sítio arqueológico, que mantém uma substancial área preservada entre o viaduto em construção e o pátio do restaurante, podendo ser investigada futuramente e, como tal, devendo ser preservada e protegida.
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