Forte de São Vicente de Torres Vedras
As intervenções da ERA tiveram diversos momentos, em primeiro lugar, os estudos prévios e trabalhos de diagnóstico arqueológico e de conservação e restauro em 2009. Num segundo momento de execução do projecto de recuperação do Forte. Estes trabalhos que decorreram no ano de 2011 focaram-se tanto na componente de arqueologia como na conservação e restauro.
A arqueologia cingiu-se, neste fase, ao acompanhamento arqueológico de obras e pressupôs a observação de movimentações no subsolo (i.e. levantamento de pavimentos, desmonte de paredes, revolvimento de terras, desaterros ou outras acções que possam ter afectação directa do subsolo ou de elementos edificados) realizadas por via mecânica ou manual, de forma sistemática e permanente. Todo o registo seguiu os princípios propostos por A. Carandini (1997), P. Barker (1977) e E. Harris (1979).
Os trabalhos arqueológicos incluíram também uma componente de análise parietal onde foram realizados recorrendo a meios mecânicos e manuais, devidamente dimensionados de modo a preservar todas as realidades com valor patrimonial.
A conservação e restauro implicou a revisão e limpeza dos drenos das canhoeiras, o restauro e reabilitação da antiga Casa do Guarda, das estruturas em terra que estavam a promover a deformação de zonas de pedras ou dos travéses que entretanto escorreram para os pavimentos ou foram destruídos pelas árvores. A limpeza e recuperação das partes em pedra, foi realizada segundo documento anexo da autoria da antiga DGEMN, bem como das zonas destruídas devido à queda de árvores. E, por fim, toda a superfície interna e externa do Forte foi regularizada e nivelada.
Tanto o objectivo da ERA como da Câmara Municipal de Torres Vedras foi que as acções implementadas (definidas nos trabalhos) foi a remoção das estruturas recentes que se apoiavam e cobriam as estruturas originais, bem como a preservação destas últimas a partir de trabalhos de conservação e restauro.
Princípios de actuação
A estrutura original que existe sob a antiga casa do guarda do Forte de São Vicente apresenta-se como um elemento patrimonial muito relevante, não só por manter uma parte significativa da sua originalidade preservada, mas também como elemento integrante de um espaço maior que lhe reforça o sentido, como é o caso do Forte na sua totalidade.
Assim sendo, considerou-se que a recuperação do imóvel deveria assentar na perspectiva de preservação de documento histórico, arqueológico e pedagógico. Ou seja, as acções a desenvolver privilegiaram a estabilização e consolidaram o existente em detrimento de restauros descaracterizadores, que comprometam o espírito e as intenções que estiveram na génese da construção. Desta forma, o desmonte da antiga casa do guarda contribuiu para evidenciar estruturas ligadas às origens ao forte enquanto tal, removendo uma estrutura mais recente, com uma relevância patrimonial bastante limitada dentro do contexto actual do sítio.
Os métodos e as técnicas que se empregaram, para a conservação e restauro das estruturas originais que se encontravam no arranque das paredes da antiga casa do guarda, enquadram-se nas recomendações produzidas em encontros internacionais para a salvaguarda de património arquitectónico com valor histórico em geral e arqueológico em particular.