Beco do Castelo, Letra A, e Calçada da Rosa, 18-A, Lisboa
As sondagens de diagnóstico e subsequentes trabalhos de acompanhamento arqueológico realizados na área afecta ao empreendimento situado no Beco do Castelo Letra A/Calçada da Rosa 18-A decorreram, numa primeira fase, entre 6 e 29 de Janeiro de 2015, e, numa segunda fase, entre Abril e Maio de 2015, e entre Novembro de 2015 e 25 de Maio de 2016.
De um modo geral, foi possível identificar vários depósitos de aterro e de ocupação/abandono com presença frequente de material arqueológico, particularmente cerâmica, que, por acompanhar a pendente do terreno, se consideraram como níveis de despejo que teriam funcionado como forma de altear o terreno, dando-lhe a configuração atual.
Perante os resultados obtidos, e considerando o volume significativo de cerâmica comum recolhido, não se pôde deixar de sugerir a eventual relação com a presença de vestígios de actividades oleiras já registados nesta zona da cidade de Lisboa, nomeadamente mais a Norte, na zona do Quarteirão dos Lagares, Rua da Amendoeira ou na Rua das Olarias.
Os materiais arqueológicos provenientes dos depósitos da Calçada da Rosa, com a excepção de alguns depósitos de momentos mais recentes, formaram um conjunto homogéneo enquadrável em finais do séc. XV/meados do séc. XVI, um período de transição da Baixa Idade Média para o período Moderno.
Os fragmentos de cerâmica de importação italiana, do tipo Majólica das oficinas de Montelupo, apontaram para cronologias entre 1490 e 1520. O mesmo sucedeu com as cerâmica de reflexos metálicos provenientes de Valência, Paterna/Manises, onde os motivos decorativos, vegetalistas e relativamente básicos, bem como a qualidade da decoração, que aparentou ser mais grosseira, apontaram para uma fase final destas produções, situada entre meados do séc. XV e durante todo o séc. XVI.