Abertura de vala no Largo Alexandre Herculano (Évora)
Durante este acompanhamento arqueológico foram identificados vestígios osteológicos humanos conservados in situ, motivo que trouxe uma alteração da metodologia de trabalho, procedendo-se à escavação arqueológica dos mesmos contextos nas diferentes áreas da vala onde foram identificados.
Foi realizada uma vala atravessando o Largo Alexandre Herculano sensivelmente no sentido E/O, paralela à Igreja de São Tiago, para instalação de fibra óptica. Esta vala apresentava uma largura média de o,40m e uma profundidade de cerca de 0,60m e caracterizava-se pela presença de uma estratigrafia mais ou menos linear, com o pavimento actual cobrindo um depósito de aterro/ entulho de cronologia indeterminada (embora com provável formação medieval / moderna).
Os contextos funerários identificados correspondiam a três sepulturas e encontravam-se escavados sobre este último depósito, que era ainda coberto por duas outras ocorrências arqueológicas, nomeadamente duas estruturas que atravessavam perpendicularmente a vala agora aberta e que foram adequadamente registadas e preservadas in situ, sem afectações.
As sepulturas intervencionadas eram todas simples covachos escavados no sedimento, com uma orientação aproximada de Sudoeste para Nordeste, contendo enterramentos em decúbito dorsal (compatível com padrões de ritual cristão).
Estes enterramentos eram constituídos por 4 adultos (sendo que um corresponde ao indivíduo do ossário),com dois dos indivíduos do sexo masculino e um do sexo feminino. O indivíduo identificado no ossário é de sexo indeterminado.
A presença desta área de necrópole, neste local, pode associar-se à Igreja de São Tiago, antiga igreja paroquial de arquitectura maneirista. O actual templo foi construído no século XVII, sobre uma antiga edificação religiosa cuja construção poderá remontar ao século XIV.