Programa Polis de Torres Vedras
Os trabalhos de diagnóstico arqueológico realizados no âmbito do Programa Polis de Torres Vedras decorreram entre 14 de Junho e 23 de Julho de 2010. Enquadraram-se numa perspectiva de prevenção e avaliação prévia face à necessidade de aplicar um plano de minimização de impactes sobre o património arqueológico, resultante da implementação do referido Programa.
Neste sentido foram realizadas 25 sondagens na área a afectar pelo projecto de obra, num total de 150,50 m², tendo a sua localização sido acordada com a Câmara Municipal de Torres Vedras e procurando abranger uma amostra significativa da estratigrafia arqueológica do local. Os trabalhos permitiram observar uma amostra representativa da estratigrafia arqueológica presente nas áreas de afectação do Programa: Choupal, Ermida e Páteo Alfazema).
No Choupal foram efectuadas 11 sondagens de diagnóstico implantadas de acordo com as várias afectações previstas para aquele espaço. Foi possível identificar contextos preservados do período Moderno / Contemporâneo. Nas sondagens 1 e 2, os muros registados poderão estar associados ao edifício de uma antiga olaria existente naquele local.
Na área envolvente à Ermida de Nossa Senhora do Ameal foram realizadas 7 sondagens de diagnóstico nas áreas a afectar pelas obras de repavimentação e construção de novas infraestruturas. Estas sondagens possibilitaram a identificação da necrópole associada à referida ermida que se encontra melhor conservada nas proximidades deste edifício religioso.
Estes trabalhos permitiram identificar várias sepulturas em fossa e sepulturas estruturadas com pedras de calcário, sendo passível observar nalguns sepulcros ainda as lajes de cobertura. Foi intervencionada apenas uma sepultura, a única que se encontrava localizada na área da sondagem.
Apesar de não se terem identificado materiais arqueológicos associados à necrópole, e considerando que de momento a informação disponível não é suficiente para precisar a cronologia de ocupação da mesma (em parte porque os contextos não foram intervencionados em área), enquadra-se provisoriamente as sepulturas registadas no período Medieval / Moderno, tomando como referência a construção do edifício da Ermida no século XIV e sua reconstrução já no século XVI.
Na sepultura intervencionada foi recuperado um esqueleto em genérico bom estado de preservação e alguns ossos dispersos no depósito de enchimento que cobria o esqueleto. As características funerárias identificadas são tipicamente cristãs (por exemplo: orientação O – E, membros inferiores estendidos, membros superiores flectidos). A presença de ossos dispersos no depósito de enchimento da sepultura é vulgar, estando correlacionada com a típica reutilização funerária do espaço em necrópoles cristãs medievais e/ou modernas.