EDP-CAT, Rampa da Cordoaria Nacional, Lisboa
A EDP tinha em fase de implementação em Belém, Lisboa, o seu projecto de construção do Centro de Artes e Tecnologia. Nesse âmbito, foram contratados à ERA-Arqueologia pela MSF Engenharia, S.A. os trabalhos de acompanhamento arqueológico da obra, levados a cabo em 2014.
No decorrer do acompanhamento arqueológico, foi detetado um contexto arqueológico integrando elementos em madeira. Uma primeira análise da cartografia permitiu avançar com a hipótese de a estrutura corresponder à Rampa “dos Escaleres Reais” da Cordoaria Nacional, mandada construir pelo Marquês de Pombal e concluída no início do reinado de D. Maria I (anos 70 do século XVIII).
Constatou-se que a rampa havia sido construída sobre um nível de areias aluvionares através da aposição de uma primeira camada de barrotes travados por estacas espetadas naquelas areias (este travejamento com recurso a estacaria é comum às três camadas registadas).
Concluído o registo exaustivo de campo (salvaguarda pelo registo), foi efectuada a recolha de amostras para dendrocronologia e identificação botânica por parte do Instituto Superior de Agronomia (recolha de uma amostra por barrote e de duas por cada alinhamento de estacaria variando consoante o grau de preservação destes elementos). Foi realizada a recolha de amostras sedimentares por parte do Gabinete de Paleo-ciências da DGPC.
Foram recolhidas, envolvidas em geotêxtil e manga plástica negra — e submersas temporariamente em espaço de obra — secções de três barrotes com o monograma da Real Cordoaria e de um quarto barrote com uma aparente assinatura de carpinteiro com vista à sua reserva em instalações da DGPC e eventual futura musealização.
A remanescente estacaria registada in situ seria removida em âmbito de acompanhamento de obra. Após a conclusão da recolha de amostras de dendrocronologia, considerou-se que os barrotes poderiam ser descartados para vazadouro.