Bloco de Rega de Pias, Herdade da Torre 2
No âmbito da execução do Bloco de Rega de Pias, os trabalhos efetuados no sítio da Herdade da Torre 2, localizado numa plataforma situada na margem direita e paralela ao Barranco das Amoreiras, decorreram entre 20 de Junho e 17 de Setembro de 2012. Realizaram-se 18 sondagens manuais de diagnóstico na área onde estava projetada a implantação da conduta de rega, num total de 72 m².
O Barranco da Amoreira é, ainda no presente, um importante curso de água, considerado um pólo central no abastecimento de água para fins agrícolas, sendo possível observar a presença de inúmeros montes alentejanos ao longo do seu curso. No passado terá tido momentos em que o seu caudal seria muito maior, dado que pode observar-se através da estratigrafia presente nas sondagens realizadas nas plataformas 1 e 2, tendo-se verificado a existência de diferentes momentos de sedimentação resultantes de uma energia de transporte maior (cascalheira a areão) ou menor (argila, silte, limos).
À superfície identificaram-se materiais arqueológicos que apresentavam uma longa diacronia de ocupação do espaço, designadamente, cerâmicas de cronologia contemporânea, moderna, islâmica e romana. Refira-se que foi igualmente recolhida indústria lítica atribuível a dois momentos de ocupação, um da pré-história recente e outro enquadrável na pré-história antiga.
O foco principal foi para a ocupação atribuível à pré-história antiga. Numa análise preliminar aos artefactos exumados, verificou-se que a indústria lítica compreendia a utilização do quartzo como matéria-prima preferencial. Foram ainda recolhidos alguns artefactos em quartzito, jaspe e sílex. Em termos de tipologias, identificaram-se núcleos, lascas, furadores, lâminas, denticulados e raspadores.
Estas ocupações encontravam-se em depósitos secundários, tendo sofrido transporte desde o seu local de rejeição, que se crê localizar-se numa das plataformas superiores, entre as 1 e 3. A esta hipótese, ajudou a identificação de um paleocanal com direcção N-S (do topo para o curso de água actual) onde foram identificadas peças líticas talhadas.
Face ao exposto, pôde concluir-se a não existência de contextos preservados na área de implantação da futura conduta. Deste modo, propôs-se como medida de minimização o acompanhamento arqueológico durante a abertura da vala para a colocação desta infraestrutura, tendo sempre especial atenção na recolha de artefactos líticos que permitissem encurtar a longa cronologia identificada.