Palácio da Falcoaria Real de Salvaterra de Magos
Os trabalhos arqueológicos de acompanhamento e sondagem de diagnóstico realizados no Palácio da Falcoaria Real de Salvaterra de Magos foram adjudicados pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos e decorreram entre os dias 5 de Novembro e 7 de Dezembro de 2007. Enquadraram-se numa perspetiva de minimização de impactes sobre eventuais vestígios patrimoniais a serem afetados pela empreitada de recuperação do edifício.
A intervenção permitiu identificar vestígios arqueológicos relacionados com vários momentos de ocupação do Palácio da Falcoaria Real, desde a sua fundação no século XVIII até ao estado de degradação em que se encontrava no início do século XXI.
A análise das paredes, após a remoção dos revestimentos, permitiu aferir a existência de remodelações e reestruturações do espaço patentes, por exemplo, na aplicação de novos e vários revestimentos, na abertura de interfaces negativas sobre as paredes originais, em antigos vãos de porta entaipados, em vários restauros e reconstruções. Houve mesmo a necessidade, em determinados momentos, de se proceder a destruições totais ou parciais de algumas paredes.
A remoção dos rebocos possibilitou, ainda, a identificação nas paredes do Edifício H de vários nichos, desconhecidos até à data da realização destes trabalhos. Pelas características (dimensão, forma, disposição) que estes nichos apresentaram, pôde-se aferir que os mesmos seriam destinados a pombos. Deste modo, foi possível afirmar que o Edifício H teria sido concebido originalmente para funcionar como um pombal, tendo perdido essa funcionalidade num período posterior.
A organização arquitetónica que atualmente conhecemos do palácio não corresponde à planta original. De facto, a remoção de terras no âmbito do acompanhamento arqueológico possibilitou a identificação (nos Edifício D, E, G1, G2 e H), sob os pisos atuais e os depósitos de aterro existentes, de estruturas em alvenaria que sugerem uma organização do espaço diferente da atual. Refira-se, como exemplo, o muro registado na Sala 2 (Edifício G2) que definiria dois compartimentos neste espaço.
O estudo dos materiais arqueológicos provenientes dos depósitos de entulho, removidos no âmbito do acompanhamento das movimentações de terra efetuadas, não foi muito elucidativo quanto à atribuição de cronologias às estruturas identificadas. Refira-se que os materiais recolhidos nestes depósitos encontravam-se sobre as estruturas (muros e/ou pavimentos ) registadas, pelo que apenas poderiam facultar datações ante quem para as mesmas.
Considerando a informação cronológica fornecida por estes materiais, que se enquadraram grosso modo no período Moderno/Contemporâneo, poder-se-ia afirmar que as evidências estruturais registadas estariam relacionadas com a construção (no século XVIII) e posteriores reconstruções/remodelações do Palácio Real da Falcoaria.
No que concerne ao poço existente no pátio central, a escavação permitiu concluir que, embora tenha sido construído com uma utilidade específica, teria perdido essa funcionalidade num período recente (século XX-XXI) conforme se pôde constatar pelos materiais recolhidos nos depósitos de entulho removidos do seu interior.
Por fim, atendendo à relevância destes vestígios, e tendo em consideração que por motivos contratuais a ERA-Arqueologia desmobilizou a equipa de campo no dia 7 de Dezembro de 2007, preconizou-se como medida de minimização o acompanhamento arqueológico sempre que se efetuassem remoções de terras ou outras ações que pudessem ter afetação direta no subsolo ou em elementos edificados.