Av. 24 de Julho 10/Rua D. Luís I, Lisboa
Estes trabalhos arqueológicos de diagnóstico decorreram no âmbito da construção de um edifício de habitação de nova planta a implantar na Av. 24 de Julho 10/Rua D. Luís I, freguesia da Misericórdia, em Lisboa.
Foram realizadas 7 sondagens de diagnóstico, cujos resultados permitiram concluir a inexistência de níveis arqueológicos preservados anteriores ao período Moderno/Contemporâneo até a uma cota média de 2 m de profundidade. De facto, a estratigrafia apresentou uma certa regularidade/horizontalidade dos sedimentos dos depósitos de aterro na área centro/Norte, salvo nas áreas de maior densidade da rede de infraestruturas enterradas (sobretudo na área Sul).
Conforme se inferiu através da pesquisa histórica, cartográfica e no registo arqueológico, o maior revolvimento desta zona pode certamente estar relacionado com a ocupação dessa mesma área pelo edifício da Sociedade Comercial Guérin (1970), após a desativação da área de escritórios em 1919. Certo é que, anterior a estes edifícios, esta área terá sido abrangida pelo «aterro da Boavista», e por isso, à partida, aterrada, selando contextos arqueológicos mais antigos.
Salientou-se a inexistência de evidências estratigráficas que testemunhassem o «aterro da Boavista» e a sua potência na área intervencionada. Seria expectável o seu aparecimento em cota superior à do nível freático. A sua ausência pode significar que as sucessivas ações de remeximento do subsolo, eventualmente decorrentes das construções referidas, tenham afetado este contexto específico e/ou outros que só os trabalhos de escavação em área e profundidade permitiriam a sua avaliação pela equipa de Arqueologia.
Conforme constou do Plano de Trabalhos aprovado pela DGPC, a escavação não se prolongou em profundidade além do nível freático (2 m de profundidade). Relativamente às estruturas identificadas, salientou-se que os depósitos aglomerados de argamassa podem ter funcionado como eventual isolantes do nível freático de forma a impermeabilizar o subsolo e viabilizar a construção de infraestruturas de saneamento na área.
Verificou-se um elevado grau de afetação do subsolo em período contemporâneo, a julgar pela ocorrência frequente de estruturas, como caneiros. Ocorreram ainda outras realidades contemporâneas relacionadas com a implantação de infraestruturas diversas no terreno, nomeadamente, manilhas (sondagens 1, 2, 3 e 5), condutas em ferro/chumbo (sondagem 3 e 4) e cabos eléctricos (sondagem 5).
Perante os resultados obtidos, e considerando-se cumpridos os requisitos constantes do PATA aprovado pela DGPC, propôs-se que todas as ações de remeximento/escavação do subsolo em toda a área de intervenção decorressem com acompanhamento arqueológico permanente.
Na possibilidade do aparecimento de contextos arqueológicos preservados, seriam propostas medidas de minimização adicionais adaptadas às novas realidades detetadas. Estas medidas poderiam passar por alterações de carácter metodológico, podendo vir a observar-se a necessidade de realização de escavações arqueológicas em área para uma melhor caracterização dos eventuais achados.
Salientou-se também a necessidade de uma escavação arqueológica que permitisse o esclarecimento em área dos vestígios detetados no Sector SE, nomeadamente na área entre as Sondagens 2 e 3, da área afeta à implantação do futuro projecto.
Face ao exposto, consideraram-se cumpridos os objetivos expressos em Plano de Trabalhos aceite pela DGPC.