Igreja de Santo António, Montemor-o-Velho
No decorrer da abertura de sondagens de diagnóstico no âmbito da empreitada de reabilitação da Igreja de Santo António, em Montemor-o-Velho, os trabalhos de escavação e exumação do material osteológico identificado puseram a descoberto uma fracção da necrópole aí estabelecida. Foram identificadas nove sepulturas (intervencionadas integralmente seis e parcialmente uma) albergando catorze indivíduos in situ e quatro ossários, tendo sido exumados doze indivíduos e 3 ossários.
A arquitectura funerária caracteriza-se por sepulturas talhadas no substrato geológico, sepulturas edificadas com elementos rochosos de pequeno e médio calibre e sepulturas que combinam as duas tipologias. Algumas apresentam cobertura, composta pelos mesmos elementos, sendo que todas apresentam forma ovalada ou levemente quadrangular, com excepção da sepultura 3, que assume uma forma antropomórfica.
A maioria dos indivíduos foram inumados em decúbito dorsal com os membros superiores flectidos e os inferiores em extensão. Apenas dois não adultos se encontravam em decúbito lateral esquerdo/posição fetal e todos seguiam uma orientação Sudoeste-Nordeste. Das seis sepulturas intervencionadas três são individuais e quatro colectivas.
O espólio associado aos indivíduos é bastante escasso, correspondendo apenas a três moedas, um dado, pequenos fragmentos de tecido e um objecto esférico de bronze. As características da antropologia funerária observadas são indicadoras inequívocas da praxis funerária cristã.
O perfil biológico do material osteológico intervencionado compreende um total de vinte e oito indivíduos, dezoito não adultos com idades inferiores a cinco anos e um adolescente, e dez adultos, dois com características associadas ao sexo feminino, seis ao sexo masculino e três indeterminados. Já os parâmetros relativos à paleopatologia revelam lesões degenerativas articulares e não articulares, metabólicas, infecciosas, neoplásicas e orais.