Reconversão Agrícola na Herdade da Torre de São Brissos, sítio Monte da Diabrória, Beja
Estes trabalhos arqueológicos foram realizados no âmbito do projeto de Reconversão Agrícola na Herdade da Torre de São Brissos, no sítio Monte da Diabrória, em Beja, decorrendo numa primeira fase entre 2 e 13 de maio de 2019 e numa segunda fase entre maio e junho de 2020. Tendo em conta esta localização de elevado potencial arqueológico, a área foi alvo de trabalhos arqueológicos anteriores, dos quais decorreram um conjunto de medidas de minimização, preconizadas pela tutela.
A intervenção incluiu numa primeira fase, em 2019, a realização de 9 sondagens arqueológicas de diagnóstico para caracterização das afectações observadas numa área total de 36 m2, implantadas em áreas paralelas às condutas de rega, instaladas no âmbito da reconversão agrícola, e em áreas de maior concentração de materiais. Efetuou-se também a prospeção arqueológica sistemática georreferenciada com contagem de materiais e utilização de detetor de metais. Em 2020, foram alvo de alargamento as sondagens 6, 7 e 8, numa área de 42m2.
No que toca à prospeção arqueológica sistemática verificou-se que estamos perante 3 sítios espacialmente diferentes. As sondagens foram implantadas contiguamente às áreas anteriormente intervencionadas, em áreas paralelas às condutas de rega instaladas no âmbito da reconversão agrícola, e em zonas em que era visível uma dispersão de materiais arqueológicos à superfície.
Assim, as sondagens 1 a 4 foram realizadas no topo da colina onde se observa, à superfície, um conjunto diverso de cerâmica, tanto de cronologia romana como moderna, local onde se encontrava referenciada uma villa romana. Nesta área identificou-se uma estrutura tipo muro e uma interface negativa, associadas a materiais incaracterísticos de época moderna.
As sondagens 5 a 6 foram realizadas na área a meia encosta do terreno, onde à superfície se observa uma mancha de dispersão de material calcolítico, tendo-se identificado algumas estruturas negativas, associadas a materiais deste período cronológico. As sondagens 7 a 9 foram realizadas numa zona onde há superfície se observavam ossos humanos de uma necrópole da idade do ferro.
Os trabalhos executados no núcleo pré-histórico e da idade do ferro vão dar origem a três artigos a publicar em revistas da especialidade. Durante a fase de exploração agrícola, caso sejam realizadas movimentações de terra com impacte direto no subsolo (cerca de 50cm de profundidade para o núcleo pré-histórico e 20cm para o núcleo da necrópole do ferro), está preconizada a realização de diagnóstico arqueológico.