Castelo de Ouguela, Campo Maior

As intervenções levadas a cabo pela ERA no Castelo de Ouguela, Campo Maior, decorreram entre 12 de Janeiro e 27 de Fevereiro de 1998. Os trabalhos foram adjudicados pela Câmara Municipal de Campo Maior e enquadram-se no Projecto de Salvaguarda e Revalorização do Castelo e Fortificações de Ouguela.

Durante o séc. XVII, o antigo recinto medieval é, segundo os dados da intervenção, profundamente transformado de forma a participar na defesa moderna da fronteira portuguesa; recebe uma nova linha de defesa, preparada para a artilharia moderna e é transformado em aquartelamento militar. É assim que se desmantela o edifício da Igreja que, pelo menos desde os finais do séc. XV, dominava a praça do Castelo.

O espaço ocupado anteriormente pela Igreja é transformado em praça d’armas, fronteira à Casa da Câmara e rodeada pelos aquartelamentos militares e outros edifícios de apoio. Nesta praça é construído uma cisterna, com boca de forma rectangular, sendo a Igreja transferida para um edifício que reaproveita o cubelo medieval do canto Noroeste da muralha, originalmente aberta para praça.

Provavelmente, esta fase de construção acarretou a remoção dos depósitos anteriores que se tinham formado no interior do Castelo, baixando assim o nível de circulação até à superfície do Solo Natural. Muito provavelmente estes entulhos terão sido utilizados na construção da linha de defesa seiscentista e os materiais de construção da Igreja reutilizados na Cisterna e nos novos edifícios. Ou seja, os vestígios medievais e anteriores encontram-se nas construções seiscentistas.

Faltou identificar, com esta intervenção, a entrada da Cisterna, o que implicara o alargamento da sondagem II para Noroeste. Se alguma vez se considerar o desentulho desta estrutura, este deve ser feito por esta entrada e recomenda-se que antes se estabeleça, através de métodos geofísicos, a planta e profundidade da mesma, para que este trabalho seja programado com rigor, precavendo a conservação da estrutura e garantindo a segurança de quem o fizer.

 

Breve Cronologia da História do Castelo de Ouguela:

1298 - 5 de Janeiro. D. Dinis outorga foral à villa de Ouguela.

1299 - D. Dinis manda restaurar a fortaleza de Ouguela

1420 - Criação de um couto de homiziados por parte de D.João I.

1475 - Alcaide D. João da Silva

Séc. XIV / XV - reedificação e ampliação do perímetro amuralhado e construção da igreja, localizada na praça e referenciada por Duarte d' Armas. No reinado de D. Fernando ou de D. João I.

1500/1510 - Alcaide João Sardinha

1512 - 1 de Junho.  Carta de Foral Novo por D. Manuel.

1536 - 10 de Novembro. Sentença de foral de D. João III.

XVII - Construção da segunda linha defensiva com os bicos Vauban.

1644 - Defesa heróica do castelo, sob o comando do Capitão Pascoal da Costa a um ataque do Marquês de Torrecusa.

1662 - Tomada de Ouguela por D. João de Áustria, comandante do exército espanhol.

XVIII - Construídas no interior da praça a Casa da Câmara, e as casas dos oficiais e família dos militares.

1755 – Edificados: o baluarte, o meio baluarte e o revelim

1762 - Resiste aos invasores espanhóis sob o comando de Brás de Carvalho

1799 - Edificação da Casa do Governador.

1755 / 1803 - Documento gráfico acerca de Ouguela. Mostra a existência da Atalaia e do fosso com estacaria.

1803 - Construção das lunetas do Cabeço da Forca e do Cabeço do Mártir, sob o comando do Marquês de la Reine

1829 - Projeta-se a recuperação de uma das torres a Sul do castelo e a construção de uma meia-lua para proteção da entrada a Este.

1868 - 31 de Maio. Recebe o título de Visconde de Ouguela, Carlos Ramiro Coutinho (1830-1897), advogado e político de ideias democráticos.

XIX - A área a Oeste da fortaleza de construções com baluartes passa a funcionar como cemitério local. Os condes de Tábua são donatários de Ouguela.

 

 

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