Palácio Flor da Murta, Rua do Poço dos Negros, Lisboa
A intervenção arqueológica realizada no Palácio Flor da Murta, sito na Rua do Poço dos Negros, nº 158, freguesia de Santa Catarina, Lisboa, foi adjudicada à ERA-Arqueologia pela Amorim S.A., promotora do projecto de Adaptação do Antigo Palácio Flor da Murta a Complexo Residencial. Enquadrou-se numa perspectiva de emergência face ao aparecimento de um elemento patrimonial no decorrer dos trabalhos de acompanhamento arqueológico das obras de remodelação do antigo palácio.
Teve como objectivo responder às exigências do Instituto Português de Arqueologia (IPA), no sentido de permitir a continuação da obra na área a intervencionar. Desta forma, procedeu-se à caracterização e avaliação do valor científico e patrimonial do sítio, bem como à analise do subsolo, com vista ao estabelecimento de sequências e tipologias de ocupação do local.
Em reunião com o IPA, chegou-se a uma solução de consenso entre as partes, circunscrevendo-se os trabalhos à definição integral da estrutura e canalizações anexas e à escavação de metade dos seus limites internos. Dada a afectação da metade Norte da estrutura, optou-se por intervencionar apenas a metade Sul, por se encontrar em melhor estado de conservação. Procedeu-se, posteriormente, ao desmonte da estrutura com acompanhamento arqueológico.
Foi possível identificar uma fonte que eventualmente estaria relacionada com o jardim do antigo palácio, e à qual estava associada uma canalização que escoaria as águas da fonte para o jardim. Os materiais arqueológicos recolhidos encontravam-se em contextos secundários de deposição, apresentando diversos períodos cronológicos, nomeadamente fragmentos de faianças seiscentistas, fragmentos de azulejos dos séculos XVII e XVIII, fragmentos de porcelanas antigas e recentes, ferro e vidros recentes, sílex e um fragmento de canalização de grés.