Praça do Príncipe Real, nº 32, Lisboa

Os trabalhos de acompanhamento arqueológico no âmbito da empreitada de remodelação do nº 32 da Praça do Príncipe Real, em Lisboa, foram executados entre Agosto e Outubro de 2010. Surgiram na sequência duma fase prévia de sondagens de diagnóstico e da existência de vestígios arqueológicos no subsolo, nomeadamente, na zona do logradouro.

No decurso da obra procedeu-se à abertura de três valas (I, II, III) no logradouro ajardinado do edifício afectado (na área do futuro acesso à cave). As valas I e II foram escavadas manualmente, não chegando a atingir 2 m de profundidade; já a vala III foi aberta mecanicamente, tendo ultrapassado 2 m de profundidade.

Na vala I registou-se a presença duma manilha de grés do século passado. Esta infraestrutura foi implantada num nível de aterro, um depósito homogéneo com abundantes materiais cerâmicos de cronologia geral Moderna/Contemporânea. Na vala III verificou-se uma caixa de saneamento, ligada à manilha referenciada e junto ao muro de contenção do jardim, construído em alvenaria de pedra e tijolo. Esta estrutura terá sido edificada entre os sécs. XVIII e XIX, tendo sido parcialmente desmontada no âmbito da obra.

Os testemunhos materiais recolhidos são desprovidos de contexto arqueológico, tendo surgido integrados em depósitos de entulho das valas I,II, III. O conjunto de peças exumado consistiu em fragmentos de cerâmica de revestimento e de cerâmica doméstica. A cerâmica de revestimento diz respeito ao espólio azulejar composto por peças em faiança bicromática e policroma, produzidas entre os séculos XVIII e XIX.

Face à continuação das movimentação de terras, e considerando os dados obtidos, preconizou-se a continuação das acções de acompanhamento arqueológico sempre que se realizassem trabalhos com afectação do subsolo, independentemente do volume de terras a movimentar. Por outro lado, e dado que se verificara a existência de vestígios arqueológicos preservados neste local (BRAZUNA, 2004), alertou-se para o facto de surgirem contextos semelhantes carecendo de uma alteração metodológica, nomeadamente, a realização da escavação arqueológica manual das referidas realidades.

 

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