Antigo Paço Episcopal/Caritas Diocesana, Beja
Os trabalhos de acompanhamento arqueológico realizados no âmbito das obras de “Reabilitação e adaptação funcional do antigo Paço Episcopal para instalação da Caritas Diocesana de Beja” decorreram entre Outubro de 2010 e Agosto de 2011.
O objectivo principal foi a detecção de vestígios arqueológicos que pudessem ser afectados na área de intervenção das obras, bem como garantir a protecção e salvaguarda dos mesmos e efectuar a sua caracterização em termos de valor científico e patrimonial. Além disso, visou-se a definição das várias fases de construção/remodelação por que terá passado este edifício.
Findo o acompanhamento das intervenções levadas a cabo neste edifício (picagens de paredes, abertura de valas), foi possível atingir um extenso conhecimento sobre o mesmo. No que respeita às realidades anteriores a este imóvel, verificou-se que, apesar de terem sido abertas mais de 30 valas dispersas pelo R/C, foram apenas identificados muito escassos vestígios, concentrados numa pequena área dos compartimentos 39 e 45, cujos materiais associados apresentaram uma cronologia de época romana, com excepção da calçada do Compartimento 45, cuja datação não foi possível determinar.
Esta é uma situação enigmática, uma vez que a área intervencionada se situa num local de destaque de um centro histórico ocupado durante cerca de 2500 anos. Por este motivo, deveria ser possível deduzir que durante a construção deste edifício a maioria dos vestígios anteriores foram arrasados.
O momento da construção da secção principal deste edifício não pôde ser determinado com precisão, porém, a cronologia inserida no início do século XVII obtida para o conjunto artefactual recolhido durante a intervenção arqueológica na Sondagem 1 será o melhor ponto de partida, uma vez que as talhas cerâmicas a que este conjunto estava associado encontravam-se seguramente já relacionadas com o edifício.
Através das picagens das paredes foi possível definir três fases principais de construção/remodelação do edifício. A primeira terá tido lugar entre o início do século XVII e o final do século XIX, no qual terá sido construído de raiz o edifício principal. A segunda fase deverá ter decorrido entre o final do século XIX ou início do século XX e meados do século XX, tendo sido levada a cabo uma extensa remodelação do edifício. A terceira fase terá tido lugar desde meados do século XX até ao presente, sendo marcada pela modernização do imóvel, através de novas canalizações e instalações eléctricas e pela construção de compartimentos habitáveis no sótão.