Calçada Marquês de Abrantes, nº 104-108, Lisboa
A ERA levou a cabo, em 2010, trabalhos de pesquisa histórica sobre o edifício sito no nº 104-108 da Calçada Marquês de Abrantes, localizado na freguesia de Santos-o-Velho, concelho e distrito de Lisboa, na margem direita do estuário do Tejo.
O edifício referido insere-se em Zona de Nível 2 segundo o Artigo 15º do Plano Director Municipal da cidade de Lisboa, numa área de elevadíssima importância histórica e patrimonial. Além disso, encontra-se abrangido em Zona Especial de Protecção de Imóveis Classificados respeitante à Abadia de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo, ao Museu Nacional de Arte Antiga, à Igreja de São Francisco de Paula e ao Convento das Trinas.
No quarteirão entre a Rua da Esperança e a Calçada Marquês de Abrantes “assentaram no século XVI, e até ao século XVIII, o Palácio, casas e quintas dos Duques de Aveiro (grandes senhores desta área), cujos restos foram consumidos pelo incêndio de 1837 que devorou (...) o que subsistia do Convento dos Barbadinhos” (Araújo, 1992: 24). Tratava-se este do “Convento de Nª Senhora da Porciúncula, dos barbadinhos franceses, construído, em 1648, em terrenos cedidos pelos Duques de Aveiro” (Araújo, 1992: 24).
A Rua da Esperança, “muito antiga (...), fazia parte da grande estrada [medieval] que das Portas de Santa Catarina (Chiado) levava a Belém, pela Horta Navia” (Araújo, 1992: 21). Quanto à Calçada Marquês de Abrantes, “foi aberta depois de 1755, pelo plano de urbanização pombalina, rasgando a quinta dos titulares proprietários do Palácio, sua cerca e terrenos, e que eram então os Condes de Vila Nova de Portimão, primeira designação que a artéria teve” (Araújo, 1992: 19).
Resumindo, o espaço onde se localiza o nº 104-108 da Calçada Marquês de Abrantes apresenta um interesse histórico de profundíssima relevância, já que se encontra circunscrito por esta artéria pombalina e pela Rua da Saudade, de traçado medievo, numa zona da cidade onde as fontes históricas permitem remontar ao período romano.