Rua de Santiago, n.º 10-14, Lisboa

As sondagens arqueológicas integradas no empreendimento na Rua de Santiago, n.º 10-14, foram executadas entre 18 de Maio e 2 de Junho de 2011. A área em questão insere-se em Zona de Intervenção de Nível I do PDM de Lisboa, sendo ainda abrangida pela zona de protecção da Igreja Paroquial de Santiago, classificada como Imóvel de Interesse Público.

Realizaram-se sete sondagens de diagnóstico, cinco no piso térreo e duas no piso 2, numa área total de 37 m². Nas sondagens 1, 2, 4, 5 e 7 não se identificaram contextos arqueológicos preservados, salientando-se apenas o registo de pisos de circulação anteriores ao actual edifício. A sondagem 4 indiciou uma concepção diferenciada do espaço, que passou de exterior a interior.

Na sondagem 3 (piso 2) foi identificada uma área de despejos domésticos, caracterizada pela acumulação de depósitos com presença frequente de componente artefactual e fauna. Registou-se ainda uma caleira e uma vala, cuja funcionalidade pode igualmente ser relacionada com uma área de despejo. Todos os contextos identificados podem ser enquadrados cronologicamente entre os séculos XVIII e XX.

A sondagem 6 foi implantada numa área com estruturas, cuja funcionalidade dos espaços não foi possível determinar com os dados disponíveis. A sequência ocupacional pode ser datada entre os séculos XVIII-XIX.

Tendo em conta os dados obtidos e o potencial histórico-arqueológico da área envolvente, considerou-se como medida de minimização adequada o acompanhamento arqueológico de todas as acções que implicassem a afectação do subsolo. Os contextos arqueológicos identificados nas sondagens do piso 2 não ficaram totalmente esclarecidos, sendo por isso necessário proceder a um acompanhamento arqueológico mais cuidado, com o registo gráfico e fotográfico da continuação das realidades identificadas durante as sondagens.

 

ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO (2012)

Desenvolvido em 2012, o acompanhamento arqueológico no âmbito deste empreendimento (Hotel Santiago de Alfama) centrou-se no pátio interior, localizado no piso 2 e em todo o piso térreo. No primeiro, registou-se uma sucessão de níveis de aterro/lixeira, cujos materiais, cerâmica comum, faianças e azulejos, apontam para uma cronologia de época moderna/contemporânea, num período compreendido entre o século XVII e o século XX.

As principais estruturas identificadas, nomeadamente alicerces bem como um caneiro, parecem indicar que este espaço teria funcionado sempre à cota do piso 2 do edifício, sendo as estruturas identificadas todas posteriores à construção deste espaço, não se identificando nenhuma preexistência.

No piso 0, registaram-se as únicas preexistências detectadas em todo o edifício, estruturas do tipo tanque e de cronologia romana, que nos é dada pelo seu modo construtivo, em opus signinum, não se registando a presença de nenhum fragmento cerâmico atribuível a este período, provavelmente devido a uma reutilização destas estruturas em épocas mais recentes, tendo sido destruídos aquando da construção do pátio de entrada do n.º 12.

As estruturas, após o seu registo e aprovação da tutela, foram desmontadas dada a incompatibilidade com o projeto em curso.

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