Largo da Academia Nacional das Belas Artes, nº 1, Lisboa
A ERA levou a cabo, em 2012, trabalhos de pesquisa histórico-arqueológica no âmbito do empreendimento de reabilitação do edifício nº 1 do Largo da Academia Nacional das Belas Artes, freguesia dos Mártires. O edifício insere-se em Zona de Nível 1 segundo o PDM da cidade de Lisboa e, mais precisamente, na zona de protecção do Covento de S. Francisco da Cidade, classificado como Imóvel de Interesse Público.
A intervenção que resultou na identificação dos restos do Palácio dos Duques de Bragança permitiu aferir a presença de um aterro de cerca de 2m sobre as estruturas existentes e sobre o qual foi edificado o edifício do séc XIX (o palácio foi destruído em 1841 por um incêndio). Por outro lado, foram registados alicerces com cerca de 3m de potência que assentavam sobre nível de margas (nível geológico, arqueologicamente estéril) (Portocarrero, 2005-2006).
Ainda neste edifício, observou-se um pavimento do palácio que assentava directamente sobre o nível geológico. Para além desta estrutura, foi possível perceber que o actual edifício utilizou parte da estrutura das cisternas para se sustentar. Tratavam-se de duas grandes cisternas ligadas entre si, localizadas entre os prédios 9 e 12 da rua. Eventualmente datadas do séc. XVI, estariam relacionadas com o Palácio dos Duques de Bragança (VALE, 1999).
Na Rua Serpa Pinto, na sequência da realização de duas sondagens arqueológicas, foram identificados pisos datáveis do séc. XX sob os quais se identificaram uma sepultura delimitada por muro de argamassa e três sepulturas imediatamente abaixo do piso actual. Não foram intervencionadas visto que não seriam afectadas. No decorrer do acompanhamento arqueológico foram identificadas mais 28 sepulturas. Tratava-se de uma necrópole semelhante à observada no edifício contíguo (Fundação Sousa Pedro), pertencente à Basílica de Nª Sª dos Mártires (nº 10 B e C da mesma rua) (VALENTE, 2008).
Em 2001, foi realizada uma escavação com vista a uma melhor caracterização das estruturas identificadas no São Luiz durante a campanha de escavação realizada, em 1999, pelos serviços da CML. Foram detectadas estruturas relacionadas com o antigo jardim de inverno do S. Luiz (floreiras, canalizações, muros). Para além destas, foram identificadas estruturas de cariz habitacional relacionadas com a vivência deste espaço entre o pós-terramoto e o final do séc. XIX (MURALHA, COSTA, 2001).
Foram ainda efectuados trabalhos no antigo convento de S. Francisco da cidade de Lisboa (RAMALHO, 1993). Constatou-se que a Escola das Belas Artes, o Museu de Arte Contemporânea e o Governo civil de Lisboa assentam onde anteriormente existia o Convento de S. Francisco. Foi objecto de algumas intervenções arqueológicas realizadas no decorrer do séc. XX, entre 1988 e 1993. Em 1993 (Fernando Severino Lourenço e Filomena Rodrigues), foram realizadas sondagens pelo IPPC, no anexo do MAC, onde foram observados vestígios relacionados com a antiga Igreja do Convento de S. Francisco (vestígios de sepulturas, uma cisterna).
Por fim, na Rua Ivens, nos nº 42-46, foi identificada uma cisterna séc. XVIII (desaterrada no âmbito da empreitada, sem acompanhamento arqueológico), assim como um esgoto pombalino, também destruído sem qualquer registo. No âmbito dos trabalhos de acompanhamento arqueológico que se seguiram não foram identificados mais elementos, sendo possível perceber que a potência estratigráfica era muito reduzida (SOARES, 2003).