Largo de Santos, nº 11, Lisboa
As intervenções arqueológicas efectuadas no edifício nº 11 do Largo de Santos, em Lisboa, inserido em Zona de Nível 2 do PDM, cuja afectação do subsolo requeria o acompanhamento arqueológico permanente, realizaram-se entre Setembro de 2008 e Fevereiro de 2009.
Numa fase inicial, os trabalhos realizados por Sandra Fernandes consistiram na escavação mecânica dos níveis de aterro, evidenciando um conjunto de estruturas de período moderno a contemporâneo, das quais se destacam diversos elementos estruturais em alvenaria, sistemas de condução, armazenamento de águas e saneamento – caleira, poço ou pia de despejos – bem como uma calçada de basalto e um paredão de contenção de margem.
Após autorização por parte do IGESPAR, procedeu-se ao desmonte das realidades cronologicamente posteriores à referida estrutura fluvial, de forma a efectivar o seu registo e contextualização integral em toda a área objecto de intervenção. Tais procedimentos permitiram ainda a identificação de níveis de tabuado, que, embora escassamente preservados e afectados pela corrente freática e aterros ulteriores, deram origem aos trabalhos que se seguiram, de diagnóstico arqueológico e escavação, sob a responsabilidade de Susana Pires em co-direcção com Inês Mendes da Silva.
Contribuiu-se, assim, para um maior conhecimento dos contextos de relação fluvio-marítima, numa conjuntura em que se encontravam em curso múltiplos projectos de requalificação da frente ribeirinha. Quanto ao espólio artefactual exumado, identificaram-se inúmeros fragmentos cerâmicos, maioritariamente de faiança e porcelana chinesa, a que se associam aprestos marítimos, sobretudo cordame, bem como cravos, solas de sapato, restos de couro e cachimbos caulinos.