Palácio Visconde da Graça, Largo do Intendente Pina Manique, Lisboa
A ERA levou a cabo, em 2017, um estudo para a compreensão da evolução e da história do Palácio Visconde da Graça, situado no Largo do Intendente Pina Manique, 32-39, e das particularidades arquitetónicas que o caracterizam.
De acordo com os dados presentes na bibliografia geral e específica, e da informação recuperada dos processos consultados nos Arquivos da Câmara Municipal de Lisboa, é possível afirmar que o actual edifício corresponde a uma construção de fins da primeira metade do século XIX, fruto do crescimento urbano que estes bairros viveram durante este período, mas que terá as suas bases num edifício da segunda metade do XVIII.
De forma sucinta, podemos explanar a história evolutiva do edificado da seguinte forma:
1) Fundação do primeiro edifício, na segunda metade do séc. XVIII (como é observável na Planta topográfica de Lisboa de 1780);
2) Reconstrução do edifício, já como estrutura palaciana, na primeira metade do XIX (como é observável na Planta de Lisboa de Filipe Folque de 1856-58);
3) Venda do palácio pelos descendentes do 2º Visconde da Graça em 1905, após obras que figuram a compartimentação do r/c para a criação de lojas;
4) Inúmeras obras resultantes das necessidades dos diversos lojistas que ocupam o espaço – derrube de paredes originais e maior compartimentação dos espaços (1915, 1929, 1930, 1935);
5) Obras de grande monta desenvolvidas pela Caixa de Previdência dos Profissionais de Seguros do Districto de Lisboa, que incluem a subida de um piso no antigo saguão, a compartimentação da nova área, inúmeras obras no novo saguão, e ocupação da área entre lotes (1947-1949);
6) Entre 1964 e 1971, ocorrem duas obras com vista a ampliar os compartimentos a junto à fachada Norte e Sul do edificado, resultando na demolição de muitas das paredes que ainda restavam da estrutura original;
7) Em 1993, ocorrem os últimos trabalhos de que há registo, correspondendo a pequenas modificações para adaptar o espaço à Centro Regional da Segurança Social.
Em suma, o Palácio Visconde da Graça reflecte uma longa existência marcada por diversos ocupantes quer de cariz privado, quer de público, que nele deixaram profundas marcas. Da estrutura original, propriedade de Jorge Croft, 1.º Visconde da Graça, e seus descendentes, apenas restará a fachada, a qual mantém muita das características presentes nas plantas e alçados de 1905.
O átrio manterá algum dos seus traços, embora reduzido em dimensão e impacto, já desde 1905, no entanto, o restante edifício pouco ou nada representa a construção original, tendo a maioria das suas paredes e divisórias sido demolidas ao longo da centúria de XX, substituídas por vigas de ferro ou tabiques, por forma a alargar ou reduzir salas de acordo com as necessidades dos seus diversos ocupantes.